A Isaf, força armada da Otan no Afeganistão, admitiu nesta terça-feira sua responsabilidade na morte de uma família afegã no sul do país na semana passada. Na noite de ontem, o presidente Hamid Karzai ameaçou suspender a parceria estratégica assinada na semana passada com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, caso as perdas civis continuem.
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– Neste estágio da investigação, podemos confirmar o incidente ocorrido em Helmand (sul). Nós pediremos desculpas oficiais para a família nos próximos dias – declarou o tenente-coronel Stewart Upton, porta-voz da Isaf.
E acrescentou:
– Estamos profundamente tristes pela morte dos civis e lamentamos particularmente quando civis são mortos após ações da Isaf.
O gabinete do governador da província de Helmand informou, por meio de um comunicado, que a família foi morta intencionalmente na sexta-feira durante um bombardeio aéreo efetuado após o ataque a postos de controle da Isaf feito por insurgentes. “Infelizmente, seis membros da família, dois meninos, três meninas e uma mulher, foram mortos no incidente”, segundo o texto, que acrescenta que a Isaf pediu desculpas e prometeu prestar ajuda aos outros membros desta família.
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O presidente Karzai convocou na segunda-feira o comandante da Isaf, o general americano John Allen, e o embaixador dos Estados Unidos em Cabul, Ryan Crocker, para uma “reunião de emergência” depois de a Isaf ter matado, de acordo com ele, várias dezenas de civis em bombardeios recentes em Logar (sul de Cabul), Helmand (sul), Kapisa (nordeste) e Badghis (noroeste).
– Se a vida dos afegãos não for protegida, o acordo de parceria estratégica vai perder a sua substância – advertiu Karzai.
A Isaf afirmou que investiga três outros incidentes mencionados pelo presidente afegão, sem dar detalhes.
Cerca de 130 mil soldados estrangeiros, dois terços de americanos, estão destacados no Afeganistão sob a bandeira da Isaf para apoiar o frágil governo de Cabul contra os talibãs. Os civis são as maiores vítimas do conflito afegão, e seu número cresce a cada ano. Segundo a ONU, mais de 3 mil pessoas foram mortas em 2011, um recorde, a maioria vítimas de ataques de rebeldes.
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