Quem pensa em ir à Fábrica de Brinquedos, no distrito de Pirabeiraba, em Joinville, inevitavelmente tem de percorrer um dos caminhos que Osvaldo Schultze, um dos donos, ajudou a construir: a BR-101.

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Antes mesmo de lidar com o serrote e a lixa para fabricar os brinquedos e produzir um trabalho puramente artesanal, ele foi motorista e operador das máquinas da empresa que abriu a rodovia.

Bem que ele poderia ter participado de outra grande obra brasileira: a ponte Rio-Niterói, mas abdicou do trabalho na empreiteira para se casar em 1966 com Laurita Vera Schultze – filha do fundador da fábrica, que existe desde 1939 – e, assim, continuar a produção.

Aos 67 anos, Osvaldo é um homem de pouco lazer. Quando não está trabalhando, cuida do jardim, assiste ao telejornal e não perde jogos do Palmeiras. Na verdade, Osvaldo assiste a todo tipo de programa esportivo:

– Eu gosto de ver os debates, rever os lances. A gente assiste ao jogo e analisa depois – justifica.

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Nos dias de batente, acorda às 6h30 e abre a loja às 7 horas. Trabalha o dia todo. Descanso, só para o almoço. Quando chega no final do dia, é hora de deixar tudo limpo:

– Os clientes elogiam muito a limpeza da oficina – orgulha-se.

Atualmente, a administração está mais nas mãos do filho, Jean Carlo, que é o responsável pela fabricação daquilo que, hoje, é o carro-chefe da fábrica: os playgrounds.

Osvaldo e a mulher ficam com as peças menores, usando o que sobra da madeira dos parquinhos e casinhas de boneca. Com dedicação, os dois montam brinquedos, miniaturas, casinhas de carta e de passarinho e material decorativo. Habilidades que ele aprendeu com o sogro nos dez anos em que trabalharam juntos:

– Antes, eu não sabia fazer nada, aprendi tudo aqui e tem coisas que eu faço igual ao que era feito há 70 anos – conta.

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Apesar da felicidade de ver o empreendimento crescendo cada vez mais, seu Osvaldo lamenta o fato de as crianças terem mudado muito os hábitos de vida:

– Hoje, ninguém mais quer saber de carrinhos de madeira. Isso era coisa pra brincar na areia, sentar em cima. Agora, todo mundo vive em apartamentos e brinca no video game – compara.

A esperança que resta é ver, pelo menos, a fábrica ir em frente um dia, nas mãos das netinhas Bruna e Ana Paula.