Cercado de água, muito longe da família que ele tanto ama. É assim que o técnico Osmar Osvaldo Borges passa boa parte da vida. Ele trabalha na Petrobras há 29 anos, os últimos 15 em plataformas de extração de petróleo em alto-mar. Para falar com ele, não tem erro. Basta ir até Macaé, no Rio de Janeiro. E de lá seguir pelo mar uns 150 quilômetros até encontrar a plataforma P-16. Se o petróleo está gerando dinheiro para o Brasil, é porque Osmar também está cuidando da sua parte. Ele faz manutenção de equipamentos.

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Deu problema na bomba? O motor está fazendo fumaça? Chama o Osmar, um sujeito que conversa fácil, mas que faz questão de medir as palavras. O trabalho em alto-mar exige uma rotina diferente para Osmar. Para começo de conversa, não bate cartão. E dorme em uma cabine, que divide com outro colega. Também há espaço para lazer. Lá pelas 20h30, o auditório com datashow vira uma salona de TV: quase todos assistem, juntos, ao “Jornal Nacional”. Ainda há salas específicas de televisão, academia de ginástica, salão de jogos e até lan house, com jogos e a utilíssima webcam, que ajuda a matar as saudades da família.

É pela internet e pelo telefone que Osmar fala com a mulher, Rosi, e com os filhos Eduardo, 20 anos, Carolina, 14, e Gabriela, que acaba de completar sete. Mesmo quando está lá longe, ele sempre fez questão de participar da educação deles.

– Cobro deveres da escola, quero saber se as notas estão boas, pergunto para a mulher sobre o comportamento deles – conta o pai zeloso.

Gabi, a filha mais nova, ainda não conta os dias. Mas já tem uma noção de quando o pai está para chegar.

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– Papai, você já trabalhou demais. Você já pode vir para casa agora, né?

Quando ela nasceu, Osmar estava na plataforma. A cada 15 dias em alto-mar, Osmar tem direito a passar 30 ao lado da família. Quando ele está em casa, cresce o nível de exigência.

– Na plataforma, é preciso muita organização. Ele quer o mesmo em casa – entrega a mulher.

As longas distâncias parecem ter tudo a ver com o relacionamento dos dois. Eles se conheceram quando Osmar, apaixonado por pescarias, foi para Rondônia, terra natal de Rosi. Os álbuns de fotos do casal, com imagens amareladas pelo tempo, estão recheados de caçadas e pescarias bem longe do lar. Tem até viagem pela Transamazônica, com direito a jipe completamente atolado. A distância parece fortalecer ainda mais o amor entre os dois. Quando está com a mulher, o tempo é só para carinho.

– Brigar e perder o pouco tempo juntos? Nem pensar – conclui Rosi.