O ser humano é algo que sempre fascinou Oscar Quiroga. Na juventude, ele sonhava em ser médico. Começou a cursar a faculdade de Medicina em Buenos Aires, cidade onde nasceu, mas em 1978 teve que abandonar o sonho e deixar o país natal por causa da ditadura militar. No Brasil, manteve o interesse no “bicho homem”. Em Arraial do Cabo, teve os primeiros contatos com a Astrologia, ioga e outras ciências esotéricas. Trocou a Medicina pela Psicologia, e formou-se na PUC-SP. 

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– Na minha época, ou astrologia caía no teu colo através de uma coincidência e você se apaixonava por ela, ou simplesmente você passava por ela despercebido – relembra ele.

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Para ajudar a custear os estudos, dava aulas de astrologia e leituras de mapas astrais. Em 1986, começou a escrever uma coluna do Estadão, mudando a maneira de as pessoas se relacionarem com a Astrologia. É autor de diversos livros e tido como uma referência no segmento no país. 

Por telefone, conversou com a reportagem e falou sobre aspectos diversos da vida. Aos 63 anos, revelou-se um fã de música clássica e da banda norte-americana The Doors. Deu dicas de série e filme para o leitor assistir. Usa a terra para relaxar, com os trabalhos de jardinagem.

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Como bom argentino, diz que gosta de futebol, mas sem fanatismo. Por uma questão familiar, segundo ele, torce para o Boca Juniors. O esporte bretão mexe com ele mesmo a capa quatro anos, com a Copa do Mundo:  

– A torcida que faço é que não dê Argentina e Brasil em nenhuma final (de Copa do Mundo) – diz, me meio aos risos. 

Ele fala ainda sobre o preconceito com a astrologia, a relação entre psicologia e astrologia e discorda da corrente de pessoas que acreditam no despertar da humanidade por conta da pandemia. Confira: 

Como começou a relação com a astrologia?

Sou da época que a astrologia era não era considerada uma coisa séria. Na idade de decidir o que seria quando crescer, escolhi a astrologia como um ofício. Na minha época, ou astrologia caía no teu colo através de uma coincidência e você se apaixonava por ela, ou simplesmente você passava por ela despercebido.

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Então, eu estudava medicina na Argentina, aí deixei a Argentina por causa da ditadura militar e vim parar aqui no Brasil. Foi quando a astrologia caiu no meu colo e apesar de todo o preconceito que existe em torno da astrologia, logo vi nela um instrumento para entender a complexidade do ser humano. 

No dia a dia, você usa a astrologia nas decisões que precisa tomar?

Uso, sim. Ela é um instrumento muito eficiente para escolher períodos auspiciosos, períodos melhores, evitar os períodos ruins. Ela serve para organizar o tempo, para estabelece ruma relação íntima entre as nossas habilidades terrestres e os eventos celestes, que é onde as nossas atividades acontecem afinal.

Com a chegada de março, entramos no ano novo astrológico. O quem vem por aí? Oscar Quiroga traz as projeções para cada signo no vídeo:

Você também é psicólogo por formação. Como funciona a relação entre psicologia e astrologia, elas se conversam, se complementam?

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Olha, aparentemente elas conversariam, porque estão voltadas a tentar registrar o ser humano. Mas na prática não conversam muito e explico por que. A psicologia nasceu do estudo das patologias, dos problemas psíquicos do ser humano. Então, a psicologia tem muita dificuldade de conceituar o ser humano como algo normal, como algo que pensa, o funcionamento, os seus instrumentos, como um ser humano normal funcionaria.

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A psicologia não dá conta de fazer isso porque ela está voltada para o estudo das patologias. Apesar de que nós estamos com correntes muito fortes que usam a psicologia para estudar os mapas astrológicos, não vejo nenhuma vantagem nisso. Porque se você abre o mapa astrológico de uma pessoa e começa a enxergar as suas neuroses, as suas patologias, as suas bipolaridades, você perde de vista a riqueza do funcionamento normal de um ser humano. 

Nós estamos muito acostumados a nos conceituar através dos problemas e das limitações que nós sofremos, ao invés de olhar quais são os recursos, os instrumentos, as potencialidades que estão disponíveis para nós.

Como é a relação com as pessoas? Quando o público lhe reconhece, pedem para fazer previsões, mapa astral?

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(Risos). Acho que é a mesma situação dos médicos. Quando você está em uma festa e o sujeito se apresenta como médico, você já vai logo contando os problemas para ele lhe dar uma indicação de tratamento. Com a astrologia não é muito diferente. Apesar de que, como disse, a astrologia é meio mal dita, tem um preconceito, é vista como um sistema de adivinhação, tem o preconceito bíblico, pois o povo judeu foi escravo dos astrólogos na Babilônia. Então, tem uma maldição em cima da astrologia.

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Mas as pessoas hoje em dia estão ampliando muito o seu ponto de vista. Com a internet, através das consultas que elas vão fazendo, através das leituras, as pessoas vão encontrando uma sintonia muito grande. Então, as pessoas sim, logo saem dizendo “sou de tal sigo”, “sou de tal ascendente”, “a lua está em tal”, “meu signo se relaciona bem com aquele ou aquele outro”. São conversas. Astrologia é um ótimo início de conversa entre as pessoas.

Na questão do preconceito, que você citou anterior, como você lida com quem não acredita ou minimiza a astrologia?

Prefiro conversar mais com um cético sério do que com alguém que é excessivamente místico e vai acreditando em tudo. Por que? Na conversa que posso desenvolver com a pessoa inicialmente cética, pelo menos tem um intercâmbio de informações que pelo menos enriquecem o conhecimento. As pessoas que são muito crédulas podem acreditar em astrologia, podem acreditar em sexta-feira 13, podem acreditar em superstições e estar tudo dentro do mesmo balaio, algo cósmico.

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Normalmente tem preconceito, mas você sabe que preconceito, quando se associa ao fanatismo, aí já não tem mais nada a fazer. Até os jornalistas estão hoje em dia sofrendo com isso, né? Porque com toda a desinformação se criou a sensação de que tudo que está escrito nos meios de informação, tudo o que os jornalistas escrevem é mentira.

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Oscar Quiroga (Foto: Divulgação)

O que você gosta de fazer quando tem tempo livre?

Para descansar eu trabalho com jardim, faço jardinagem. Gosto de ouvir música também, música clássica e também rock’n’roll. Gosto de cantar, apesar de a minha voz já estar bastante envelhecida, mas também não pretendo que ninguém me ouça cantar. (risos). Canto para mim.

Na playlist, no aparelho de som ou vitrola, qualquer que seja a plataforma musical que você usa, qual música ou artista que está no topo, que você sempre procura ouvir?

Gosto muito dos The Doors. Por falar em playlist, acabamos de concluir um trabalho junto com compositores brasileiros chamados MoodBrothers e lançamos um álbum com as músicas dos signos, que se chama “Cosmic Nexus” e está disponível nas plataformas Apple, Android e Spotify. Tem música para cada um dos signos e tem música especial para a lua vazia.

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E série, você gosta de assistir? O que você está assistindo agora?

Gosto e tenho visto coisas muito interessantes. Uma que me chamou muito a atenção foi um seriado turco, que se chama “Ethos”. E um filme indiano maravilhoso, genial, que aborda as dificuldades das classes sociais, que se chama “O Tigre Branco”. É super recomendável, porque aqui no Brasil acontece a mesma coisa que na Índia, só que de uma forma mais pesada.

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O argentino gosta de futebol. Para qual time você nutre paixão?

Sabe que eu era um péssimo argentino (Risos). Não que eu não goste de futebol, porque futebol na Argentina é que nem aqui no Brasil, é inevitável. Nunca fui um torcedor de ir ao estádio, de torcer passionalmente. Familiarmente acabei sendo da torcida de Boca Juniors, não que fosse um grande seguidor do time. Agora nas Copas do Mundo já é diferente. Você tem o planeta inteiro torcendo pelos seus países. Aí, fico dividido, pois tenho minha paixão pela Argentina e paixão pelo Brasil. A torcida que faço é que não dê Argentina e Brasil em nenhuma final.

Aquela pergunta que não cala: Pelé ou Maradona? 

São dois personagens completamente diferentes. Na Argentina, tem uma igreja na estrada entre Buenos Aires e La Plata, que é a igreja do Maradona. Agora, aqui no Brasil, é incrível como tratam o Pelé. Porque diminuem a capacidade dele, porque ele teve filho e não reconheceu. Acho isso surpreendente, no sentido mais vingativo. De que, poxa se trata de uma figura iconográfica, que ensinou gerações inteiras a jogar futebol, e as pessoas tratam o cara como se fosse uma pessoa comum. 

Vamos aos dois extremos. Na Argentina, mistificam o Maradona, que não foi uma pessoa das melhores. E o aqui, o Pelé que o diminuem e o tratam como se fosse um calhorda.

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Oscar Quiroga (Foto: Divulgação)

Na pandemia, muita gente passou a olhar para si, em busca do autodesenvolvimento. Você acredita que sairemos desse episódio seres humanos melhores, piores ou vamos continuar ser como sempre fomos?

Os seres humanos são muito complicados. Nós sofremos a maior parte do tempo, não somos felizes a maior parte do tempo. Somos sofredores. E nos voltamos para o tal desenvolvimento humano, nos voltamos para a espiritualidade, que podem desabrochar em nós o melhor de cada um quando a geste está na pior. Porque quando a gente está surfando na crista da onda e está superbem de vida a gente nem se interesse muito por desenvolvimento ou qualquer tipo de espiritualidade. Infelizmente é assim. Não digo que isso seja errado, digo que é assim que as coisas acontecem.

Como a pandemia nos castigou a todos, com o distanciamento social, que é muito caro para o ser humano, pois nós precisamos de contato, precisamos de abraço, precisamos de olho no olho, são coisas que nos deixam mais à vontade. E na falta disso, houve sim um aumento dos processos depressivos, neuróticos. Sim, nos voltamos para ver que forma sairemos disso. 

Creio que sim, que muitas pessoas terão descoberto como ser melhores, terão descoberto principalmente como se relacionar melhor com as outras pessoas. Mas não acho que a pandemia fará com que agora seja o alvorecer da humanidade esclarecida, porque nós precisaríamos de muito mais dor do que esta para haver uma reviravolta coletiva da humanidade.

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Você lançou a plataforma OsUnicOs.com, que busca o desenvolvimento humano. Como funciona?

Estou associado com a Luciana Ross, uma terapeuta de renome internacional, e a Renata de Paula, fundadora do instituto YBI e atende as pessoas da Cracolândia, em São Paulo, e abre postos artesianos no Nordestes. Nós unimos essas forças tão diferentes entre si como trabalho humanitário, trabalho terapêutico e o trabalho de desenvolvimento humano que capitaneio e estamos integrando esses três pilares para oferecer as pessoas meios de sair da ignorância, e quando falo ignorância, não estou falando do analfabetismo.

Estou falando da ignorância de estarmos tão fechados em nossos problemas individuais que a gente deixa de enxergar a amplitude da experiência de vida. Oferecemos esses recursos intelectuais, práticos, de arte, de ensinar ofícios para as pessoas se munirem de recursos e conseguirem abrir um negócio, uma nova perspectiva de vida.

Nós queremos oferecer ao público o máximo de informações, recursos e elementos práticos para sacudirmos um pouco o coletivo brasileiro. Estamos carentes desses movimentos, desse interesse pelo humano, que faça a união entre o individual e o coletivo. Criamos a plataforma e vamos lançar cursos, palestras, consultorias para conseguir oferecer as pessoas produtos de qualidade e sejam acessíveis.

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