Em meio a tanta exposição, o que intriga alguns analistas no caso da duquesa Kate Middleton é uma discrição – ou melhor, um silêncio. Um silêncio eloquente, que quase grita pelo que pode simbolizar.
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Por que a fotografia de Kate com os seios à mostra foi publicada em uma revista francesa e outra italiana? Melhor posto: por que a imprensa marrom britânica não se lavou com tantas imagens sobre a família da qual é súdita e atenta observadora?
Professor universitário e autor de livros sobre ética no jornalismo, Eugênio Bucci, um dos principais especialistas brasileiros no tema, está em profunda reflexão.
– A imprensa britânica piscou. Não foram eles que deram a notícia. Não sei ainda se isso é bom ou ruim, se os tabloides britânicos se tornaram mais responsáveis ou se é um acovardamento, se é amadurecimento ou fraqueza – analisa Bucci.
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Mas quando saberemos o real (sem trocadilhos) motivo do silêncio britânico?
– O futuro dirá o porquê – limita-se a dizer, propositalmente evasivo quanto a esse aspecto e deixando transparecer dúvidas em relação a um fenômeno novo, que envolve instantaneidade das comunicações, acesso fácil e controle precário.
Bucci diz que há uma preocupação maior, hoje, com o que se publica. As consequências são mais graves. E uma sequência de episódios leva a isso, entre eles o filme Inocência dos Muçulmanos, cujas imagens levaram a reações violentas de muçulmanos indignados com a sátira ao profeta Maomé.
No caso da imprensa britânica, vem à lembrança o seguinte episódio: o tabloide News of the World pagou com a própria vida pelos seus métodos de apuração. Em julho de 2011, a polícia londrina mostrou: mais de 3 mil pessoas tiveram seus telefones grampeados pelo jornal, ansioso por fazer futricas com a vida alheia. Deu-se mal.
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