Nos últimos meses, temos assistido a correções de tarifas de energia injustas. Sob a alegação de que reservatórios das usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão com volumes baixos, devendo chegar a 18,5% em novembro, e que as usinas termelétricas em operação deverão ficar ligadas até o final deste ano, o governo passou a aumentar as faturas de energia de forma descontrolada e sem qualquer comunicação ou respaldo da sociedade.

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Essa alegação é falsa, já que as usinas estão ligadas desde o início de 2013, antes da propagada seca. O problema é que o governo, pela medida provisória 579, em 2012, lançou um pacote de reduções de tarifas, que não foi concretizado na totalidade, mas desorganizou toda a estrutura das concessionárias, pois sinalizou que o consumo não precisa mais ser eficiente e controlado.

A situação dos reservatórios é uma das crises que o setor elétrico vive e configura alto risco energético. As usinas termelétricas são usadas para complementar a energia, mas operam com custo médio de R$ 600 por MWh, quando as hidrelétricas custam R$ 140 por MWh – um produto com preço quatro vezes maior tende a criar outra crise, econômico-financeira.

O fato é que a situação atual deriva da falta de planejamento, com medidas sem visão de longo prazo, poluindo a matriz energética com usinas térmicas de baixo rendimento, construídas e operadas com critérios políticos, gerando fortunas para alguns e prejuízos para a sociedade.

O problema maior é a desfaçatez com que tudo isso está sendo engendrado sem consulta à sociedade. A lei determina que aumentos de tarifa sejam apoiados em audiências públicas que servem para debater a importância e a viabilidade. Você já foi a uma dessas audiências?

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Está na hora de mostrar a presença do cidadão em decisões que afetam o seu bolso diretamente. A pergunta é: como vamos ajudar a resolver isso se não formos consultados? Vamos unir forças e lutar pelos nossos ideais ou ficaremos assistindo à escalada de aumentos e à volta da inflação?