O agricultor Celeste Bona Neto, 50 anos, já se acostumou com os congestionamentos e até com os acidentes que ocorrem no início da manhã e no fim da tarde na frente de casa, no km 1 da SC-412, a Rodovia Jorge Lacerda, no bairro Espinheiros, em Itajaí. O fluxo intenso de carros e caminhões nos cruzamentos locais, que servem de acesso a empresas e loteamentos, dificulta não somente o tráfego, mas também a travessia de pedestres e ciclistas como Ângela Oliveira, 43 anos, funcionária de uma creche.
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– É muito difícil encontrar motoristas que nos deem a vez. O único lugar que ainda dá para atravessar é onde tem uma ilha de segurança. Eu mesma já sofri um acidente anos atrás quando um caminhão saiu da pista e me derrubou – conta.
O anúncio da revitalização da Rodovia Jorge Lacerda feito pelo governo do Estado reacendeu a esperança de mais segurança e fluidez na rodovia. O Deinfra ainda não divulga mais detalhes, mas o projeto deve ter o edital de licitação lançado amanhã. O investimento estimado é de R$ 40 milhões. Na reta de 1,7 quilômetro que liga a via ao trevo da BR-101, onde moradores como Celeste e Ângela apontam os problemas das filas e dos cruzamentos, o Estado promete uma duplicação.
O trecho que dá acesso à BR-101 é apontado como ponto mais crítico da rodovia também pelo sargento Marcelo Vieira Ramos, comandante do posto de Gaspar da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). Ele pondera que 85% dos acidentes ocorrem por falha humana ou falta de atenção, mas aponta os quatro primeiros quilômetros da Jorge Lacerda como os que merecem mais atenção do ponto de vista de infraestrutura. Em 2015, nesse trecho, houve quatro mortes e 32 acidentes com vítimas. Neste ano, até 27 de maio, já foram registrados uma morte e 15 acidentes com vítimas.
– De fato, há um volume muito grande de pessoas e carros que transitam ali. E onde há mais pessoas na via, há mais possibilidades de infração e também de acidentes – afirma o comandante.
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O presidente da Associação Empresarial de Itajaí (Acii), Eclésio da Silva, afirma que a recuperação da via, em especial com a duplicação do trecho perto do trevo, deve trazer benefícios por envolver uma área com muitas empresas do setor logístico e de serviços. Ele promete defender também a construção de calçadas e espaços para pedestres e ciclistas.
Reparos pontuais rendem críticas
Para os outros 23,3 quilômetros da rodovia, entre Itajaí e Gaspar, o projeto prevê uma nova camada asfáltica e ações de contenção de encostas às margens do rio Itajaí-Açu. Nesse trecho, a principal reivindicação é justamente um asfalto melhor. Segundo a Agência de Desenvolvimento Regional de Blumenau (ADR), uma operação tapa-buracos foi feita em dezembro e outra começou no dia 18. No entanto, os desníveis e ondulações resultantes dos reparos feitos ao longo dos anos são alvos de críticas. Morador de Ilhota, o motorista Lademir Muller, 71 anos, entende que cobrir buracos já não resolve e defende o recapeamento completo.
A mesma necessidade é vista pelo presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Carlos Tavares D’Amaral. Presente no anúncio da revitalização da rodovia feito pelo governador, o líder empresarial afirma que a nova camada asfáltica prometida deve melhorar as condições atuais da pista e trazer avanços ao Vale.
– O investimento deve ajudar porque, com as conclusões das pontes em Gaspar e Ilhota, você começa a ter mais alternativas, pode transitar ou transportar produtos por parte da BR-470 e parte da Jorge Lacerda. Blumenau, que junto com o Vale representa perto de 30% do PIB catarinense, estava precisando dessa resposta do Estado – avalia.
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Cinco pontos críticos
No dia 25 deste mês a reportagem do Santa percorreu os 25 quilômetros da rodovia que serão revitalizados e identificou situações que exigem atenção do poder público. Confira:
Km 1
Cruzamentos perigosos
Cruzamentos próximos ao trevo são apontados como local mais crítico (foto: Patrick Rodrigues)
Os acessos aos loteamentos Portal I e II e à Rua Fermino Vieira Cordeiro, no bairro Espinheiros, em Itajaí, são apontados por motoristas, moradores e até pela PMRv como pontos mais problemáticos. É nesse trecho que o projeto do governo do Estado prevê a duplicação da pista.
Km 3
Ilha destruída
Ilha de segurança em Itajaí deve dar lugar a faixa elevada (foto: Patrick Rodrigues)
Uma ilha de proteção para pedestres no bairro Espinheiros, em Itajaí, está destruída. A superintendência do Deinfra de Blumenau informa que deve retirar o material que está no local e construir uma faixa elevada, mas diz que a ação depende de liberação de recursos e não dá prazos para a execução do trabalho.
Km 18-20
Sinalização escondida
Placas encontram-se escondidas pelo mato em trechos da rodovia (foto: Patrick Rodrigues)
Nesse trecho foi possível observar placas de limite de velocidade e de identificação de quilometragem da via escondidas pelo mato. Até mesmo paradas de ônibus se encontravam nessa situação. A ADR Blumenau informa que a última roçada havia sido feita em fevereiro e que uma nova operação começou na quarta-feira passada.
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Km 19
Ponte sem proteção
Ponte sem proteção lateral aguarda por reparos (foto: Patrick Rodrigues)
Na ponte sobre o Ribeirão das Canas, em Gaspar, a falta de proteção no lado esquerdo da travessia no sentido Blumenau-Litoral chama a atenção. A ADR de Blumenau informou que se a recuperação do guarda-corpo não for contemplada na revitalização ou a obra não iniciar até julho, a agência deve incluir o conserto no novo contrato de manutenção a ser firmado no segundo semestre.
Km 20
Pista cedendo
Fissuras no asfalto mostram situação em curva em Gaspar (foto: Patrick Rodrigues)
Na curva em frente ao pátio do Deinfra, no bairro Poço Grande, em Gaspar, o acostamento já cedeu e parte da pista apresenta fissuras. A ADR Blumenau informa que vai solicitar o nivelamento da pista como paliativo, mas que a solução definitiva passa po obra estrutural que só deve ser contemplada na revitalização.