Oxford Porcelanas está investindo R$ 13 milhões na unidade de São Bento do Sul e vai construir uma nova fábrica fora do Estado – Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo disputam o empreendimento -, num investimento de R$ 80 milhões que vai atender a demanda das classes D e E. Ampliar as atividades em Santa Catarina não é viável porque a SCGás não consegue aumentar a oferta de gás natural.
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A companhia catarinense, que completou 60 anos de atividades na terça-feira, é a maior do ramo no Brasil. Mas os chineses já dominam 70% do mercado nacional. O superintendente Irineu Weihermann destaca que a dependência do gás natural dificulta o crescimento dos negócios e defende que é preciso mudar a matriz energética da fábrica.
– As autoridades catarinenses precisam estar atentas a este grave problema – diz o executivo.
Aos 50 anos, Weihermann é formado em ciências da computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e está há 25 anos na companhia.
O COMEÇO
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A companhia nasceu como Cerâmica Santa Catarina, transformando-se em Indústria Cerâmica Oxford. E, há alguns anos, é Oxford Porcelanas. Completou 60 anos de atuação em 26 de novembro. Empresa familiar, foi dirigida por Otair Becker por muitos anos. Na primeira fase, produzia vasos, enfeites e adornos. No período seguinte, entrou no mercado de louças.
EXPORTAÇÕES
– Em 1973, a Oxford passou a ser sociedade anônima. No início, produzia 70 mil peças por mês. Hoje, fabrica 3,5 milhões de unidades. As vendas para o mercado externo começaram em 1976, sem mostrar a marca nos produtos. Era uma simples fabricante. Atendia aos Estados Unidos e Europa. Com o mercado internacional comprador, os volumes de exportação chegaram a representar até 70% dos negócios. Até 1994, as exportações eram fortes. Hoje, aplicamos 3,5% do faturamento em marketing.
CHINESES
-Atualmente, 70% do mercado brasileiro de porcelanas é dominado por indústrias chinesas. Restaram cinco brasileiras. A Oxford é a maior delas no setor. Estamos à espera de decisão da Camex, que pode impor tarifas de importação sobre produtos chineses. Isso nos ajudaria.
MERCADO INTERNO
Nos anos 90 e na década seguinte, a companhia reorientou sua atividade para o mercado interno. E passou a utilizar design e marca própria. A partir de então, mudou a concepção mercadológica para atender demandas por produtos mais personalizados. Passou a fabricar itens voltados à decoração e moda e conseguiu aumentar o consumo por parte das mulheres.
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CONTROLE
-Em 2003, a holding WPA comprou a Oxford. O empresário Eggon João da Silva, da Weg, começou a investir em marketing e modernizou a companhia. Em 2008, lançamos a linha de porcelanas domésticas, sem abandonar o mercado mais popular. Há três marcas: Biona (mais popular); Daily (cerâmica para classe média) e Oxford, com mais valor agregado. Mais de 80% do mercado é voltado ao segmento popular.
NÚMEROS
A Oxford Porcelanas vai faturar R$ 176 milhões neste ano, alta de 18% em relação a 2012. Noventa por cento do volume vai para clientes brasileiros. A empresa tem 1.660 empregados.
NOVA FÁBRICA
-A empresa vai construir mais uma fábrica na região Nordeste. Avalia cidades em três Estados: Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo – que também se beneficia de vantagens fiscais concedidas a Estados nordestinos. No começo da prospecção, avaliamos seis Estados. Para esta futura unidade, estão previstos R$ 80 milhões. A decisão será anunciada em dezembro.
RECURSOS
-Na primeira fase, vão ser aplicados R$ 50 milhões para produzir 15 milhões de peças anualmente. Em etapa seguinte, mais R$ 30 milhões serão investidos, com o objetivo de aumentar a produção em mais 15 milhões de peças. A fábrica vai atender necessidades de consumidores das classes C e D.
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FORA DE SC
-A razão principal para investir fora de Santa Catarina é a falta de oferta de gás natural adicional por parte da SCGás. Lá, no Nordeste, sobra gás natural. Os fatores em análise para definir o Estado e o município são qualidade de mão de obra, oferta de gás, logística, proximidade de matéria-prima e benefícios fiscais. A lembrar que a região Norte do Espírito Santo recebe vantagens da Sudene.
COMPETITIVIDADE
-Sem maior oferta de gás natural, não há como expandir a fábrica em São Bento do Sul. É preciso mudar a matriz energética da fábrica. As autoridades catarinenses precisam estar atentas a este grave problema.
COPA DO MUNDO
-Temos produtos aprovados pela Fifa e vamos vender canecas, tigelas e pratos com referências à Copa do Mundo. O contrato prevê produção de 300 mil peças. Faremos eventos promocionais.
REPRESENTATIVIDADE
-Para São Bento do Sul crescer, é preciso aumentar a representatividade política, que é muito pequena. Nossa capital é Curitiba. A economia do município se diversifica. Em décadas passadas, era dependente da indústria moveleira. Agora, temos empresas mecânicas e metalúrgicas importantes, entre outras.
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