A delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila coordena as Delegacias de Polícia de Atendimento à Criança, Adolescente, Mulher e Idosos (Dpcami) de Santa Catarina. Ela lida com casos de pedofilia e outras situações resultantes desse crime. Para evitar que esse tipo de caso faça parte do cotidiano da família, ela faz algumas sugestões.
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A primeira delas é que os pais e responsáveis sempre monitorem o que os menores estão acessando na web. Patrícia também diz que a legislação deveria ser revista, sobre por conta de conteúdos do exterior e com livre acesso no Brasil.
Confira mais detalhes na entrevista a seguir:
Dizem que o anonimato na internet é uma das dificuldades para a polícia identificar um pedófilo, um abusador de crianças. A senhora concorda? Existem outros obstáculos?
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Não vejo o anonimato como uma grande dificuldade, pois os crimes na internet deixam rastros e a investigação segue essas marcas. O que pode prejudicar é quando os rastros são apagados. Torna-se mais difícil quando, por exemplo, um filho menor recebe um conteúdo impróprio e num ato de angústia ou raiva os pais apagam o material de uma forma irrecuperável. O ideal é que quando isso ocorre os pais não apaguem o conteúdo, mas façam uma denúncia para as polícias.
O que as famílias, especialmente os pais, devem fazer para impedir que as crianças e adolescentes fiquem expostas a estes criminosos?
Os pais devem sempre monitorar o acesso dos filhos na internet, pois é dever deles proteger as crianças. Se eu deixar a criança sem esse monitoramento é tal qual eu deixá-la sozinha numa rua de madrugada, ou seja, exposta a riscos. Os pais precisam conversar com os filhos, observar e ver o que eles acessam. Além disso, existem mecanismos disponíveis e gratuitos que podem ser baixados nas lojas de aplicativos.
Alguns desses programas fazem rastreamento e informam os adultos sobre os lugares acessados. Alguns provedores dizem que o conteúdo é para maiores de 18 anos, porém, não há um controle por parte de quem oferta o produto. Há muitos casos que os filhos entram nas salas de bate-papo. Por isso que o controle parental, feito pelos pais, supera a questão do direito à privacidade da criança.
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Santa Catarina tem sido foco de muitas operações das polícias, inclusive Interpol, contra a pedofilia. A legislação seria branda?
Acredito que a legislação deva ser revista. Há muito conteúdo que vem do exterior e com livre acesso no nosso país, que navega tranquilamente na web. A lei é bastante branda neste aspecto.
Seria também este um crime que está ligado a algum transtorno, como diz uma corrente da medicina, o que leva a reincidência?
É óbvio que sentir prazer diante de imagens de corpos de crianças nuas ou mesmo envolvidas em prática sexual não é algo normal. São pessoas que fogem ao comportamento padrão e isso é um completo absurdo. São pessoas perigosas, as quais sentem prazer em causar dor e sofrimento nos outros. Acho que temos que olhar para este lado, mas isso não serve como excludente da ilicitude. Quem pratica esse crime tem que ser responsabilizado, fica sujeito a uma pena a ser cumprida.
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