Conhecida há décadas e até então concentrada na região amazônica, a Febre Oropouche tem tido um aumento significativo de casos em Santa Catarina em 2024. Entre 26 de abril e 16 de julho, foram registrados 141 ocorrências da doença no Estado. Nesta segunda (22), o Ministério da Saúde confirmou que investiga o primeiro caso de morte suspeita pela febre em Santa Catarina. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) também confirmou que acompanha investigação sobre a morte do paciente.

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Há várias hipóteses para a explosão de casos em Santa Catarina. Segundo a Dive-SC, nas últimas décadas, houve um aumento da circulação de pessoas e cargas entre os estados do Brasil. A doença teria circulado junto com essas pessoas.

A Febre Oropouche é transmitida pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim.

— Tendo o vetor na área onde o doente vai circular, você começa a ter casos fora das suas areas originalmente descritas — explica o superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, o médico infectologista Fábio Gaudenzi.

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Ministério da Saúde investiga primeiro caso de morte suspeita por Febre Oropouche em SC

Entre maio e junho, uma equipe do Ministério da Saúde esteve no Vale do Itajaí para fazer uma investigação epidemiológica da doença, junto com as prefeituras e a Secretaria do Estado de Saúde (SES). O estudo dará origem a um relatório, ainda a ser publicado.

Outro ponto que causa o aumento de casos é a disponibilidade de testes para o diagnóstico. Segundo a Dive, esses testes não estavam disponíveis até 2023, quando o Ministério da Saúde começou a enviar kits de testagem específicos de Febre Oropouche aos estados. Até agora, Santa Catarina já recebeu mil testes, e tem a previsão receber outra remessa ainda neste mês.

— Isso significa que a doença poderia já estar circulando nos estados, mas como o diagnóstico não estava disponível e a doença tem sintomas muito parecidos com dengue e chikungunya, o diagnóstico acabava ficando mascarado — explica o superintendente.

SC registra mais de 140 casos de Febre Oropouche pela primeira vez na história

Casos em SC

Até agora, os casos de Febre Oropouche se concentram no Vale do Itajaí. Os três primeiros registros, em 26 de abril, foram em Botuverá, no Médio Vale. Depois, se espalharam em outras cidades da mesma região e também na Foz do Rio Itajaí. Também há registros na Grande Florianópolis, em Antônio Carlos e Tijucas.

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Cidades com casos confirmados em SC

  • Antônio Carlos – 2 casos 
  • Benedito Novo – 1 caso 
  • Blumenau – 9 casos
  • Botuverá – 35 casos 
  • Brusque – 7 casos 
  • Corupá – 3 casos 
  • Guabiruba – 1 caso 
  • Guaramirim – 1 caso
  • Ilhota – 5 casos 
  • Jaraguá do Sul – 1 caso 
  • Luiz Alves – 65 casos  
  • São Martinho –  1 caso 
  • Schroeder – 7 casos 
  • Tijucas – 2 

Sintomas e tratamentos 

A Febre Oropouche é uma arbovirose e tem sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Em cerca de 60% dos pacientes, algumas manifestações, como febre e dor de cabeça, persistem por duas semanas.

Não há tratamento para a doença. A prevenção é feita a partir da proteção contra os mosquitos transmissores. Conforme a Dive, não há tratamento específico para os infectados com a doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com acompanhamento da rede municipal de saúde.

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— A literatura mostra que há uma resolução dos quadros, não há tanta mortalidade quando a dengue. Parece ser uma doença mais benigna — observa João Fucks, diretor da Dive.

Veja os sintomas e como prevenir a febre oropouche

Clinicamente, é difícil diferenciar a Febre Oropouche da dengue, pois os sintomas são muito semelhantes. Um diagnóstico definitivo só pode ser feito através de exame laboratorial, feito com PCR, a partir de uma amostra de sangue coletada até o quinto dia do início dos sintomas.

Devido à limitação de kits de diagnóstico, a testagem da Secretaria de Saúde é focada em áreas com suspeita de transmissão da doença. Segundo o diretor, a estratégia tem duas frentes:

— Quando temos municípios com muitas suspeitas de arboviroses, mas muitos resultados negativos para a dengue, isso é um primeiro alerta para que a Secretaria de Saúde envie algumas amostras para testagem. Outra testagem é aleatória, no Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), nos testes cujos resultados deram negativo para dengue — explica.

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Dive confirma investigação

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) emitiu nota na tarde desta segunda-feira em que afirma que acompanha a investigação de um caso suspeito de óbito por Febre de Oropouche. A apuração é conduzida pelo Estado do Paraná, com apoio do Ministério da Saúde. O texto da Dive-SC informa que o paciente foi atendido por serviços de saúde do Paraná e morreu também no Estado vizinho, em abril deste ano. “Durante a investigação, foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao Estado”, informou a nota da Dive-SC. Este é o único caso suspeito de óbito pela doença investigado em SC.

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