A Alemanha, de defensora do título à eliminada na primeira fase da Copa da Rússia, terá agora que analisar os motivos de seu fracasso histórico.
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Mas alguns estão simplesmente no campo, como uma defesa instável e a ausência de um autêntico artilheiro. Outros serão provavelmente mais complicados de detectar e avaliar, como a polêmica que cercou a equipe semanas antes do Mundial sobre a origem turca dos jogadores Ilkay Gündogan e Mesut Özil.
1 – A síndrome dos defensores do título
Além de qualquer superstição, Joachim Löw já havia advertido várias vezes antes da Copa: “conservar um título é mais difícil”.
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Mas os alemães escutaram muitas vezes que eram imbatíveis e podem até ter acreditado nisto. Em cada amistoso sem brilhar antes do Mundial se escutava o mesmo, quase como um mantra: “somos um time de torneio e estaremos preparados no Dia D”.
Na Rússia veio a dura realidade: derrota por 1-0 para o México, vitória no sufoco sobre a Suécia por 2-1 e desastre consumado na derrota por 2 a 0 contra a Coreia do Sul.
2 – As decisões do técnico
Com a eliminação já consumada, será o momento de analisar algumas decisões do técnico Joachim Löw. Pode ser reprovado por não levar o jovem do Manchester City Leroy Sané, já que ninguém no time derrotado nesta quarta-feira possui a sua capacidade de penetrar em defesas compactas.
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A fidelidade de Löw a seus jogadores mais experientes foi qualificada de teimosia por vários analistas. Özil foi titular contra a Coreia do Sul, e outros “velhos guerreiros”, como Sami Khedira e Thomas Müller, estiveram quase invisíveis neste Mundial, apesar da confiança cega de seu treinador.
Esta eliminação poderá marcar o fim de uma geração que foi ao céu no Brasil-2014 e que na Rússia estava bem representada (Manuel Neuer, Mats Hummels, Jerome Boateng, Toni Kroos, Mesut Özil e Thomas Müller). Infelizmente para a Alemanha, os mais jovens, como Leon Goretzka e Joshua Kimmich, ainda não estão plenamente capacitados para assumir o comando do barco.
3 – Uma equipe desequilibrada
As carências defensivas provocaram a derrota inicial contra o México. Quando a Alemanha dominou, ficou exposta aos contra-ataques. Os amistosos de preparação já haviam revelado este problema, com os zagueiros enfrentando os atacantes muitas vezes no mano a mano.
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Em 2014, Löw começou o Mundial com quatro homens na zaga, modificando as funções de alguns. Foi criticado pela falta de ofensividade, mas a defesa estava garantida. No torneio no Brasil, Philipp Lahm se deslocou pela direita, mas aquele capitão tinha a experiência e uma leitura do jogo muito acima da do jovem Kimmich.
No ataque, a falta de efetividade na Rússia foi evidente. Desde a saída de Miroslav Klose, a Alemanha carece de um atacante efetivo. No Brasil-2014, Müller atuou de ‘interino’ e na Eurocopa da França-2016, na qual a Alemanha foi semifinalista, a ausência de um homem de área nato foi fatal na eliminação contra os franceses em Marselha.
A Alemanha acreditou muito rápido que Timo Werner, de 22 anos e jogador do Leipzig, se tornaria o artilheiro da seleção. No ano passado se destacou na Copa das Confederações, mas ficou no zero neste Mundial.
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4 – O ‘caso Erdogan’
As semanas prévias ao Mundial não foram tranquilas para o ambiente da seleção, especialmente pelo ‘caso Erdogan’.
Özil e Gündogan, de origem turca, se reuniram em Londres com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e as imagens provocaram revolta na Alemanha.
O corpo técnico tentou proteger os jogadores, mas políticos, imprensa e torcida não esqueceram o incidente.
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* AFP