Os melhores times que já vi, pude admirar e ficar refazendo no papel seus planos de jogo com linhas, estrelinhas, pontos de saída, pontos de chegada, freqüência dos movimentos por um lado e por outro do campo, a posição dos jogadores na bola ao centro, no escanteio, na falta, das muitas posições das faltas, a formação de barreira (ou não, como já quis Danrlei, e se arrependeu), quem vai cabecear na área do adversário, quantos, onde entra a bola, quem cuida do goleiro, o tempo que um time gasta para sair de posição defensiva e atingir o gol adversário, quem faz lançamentos, quem pára a bola, a reposição do goleiro com o pé, com a mão, o tiro-de-meta, quem fica quando todos saem, o dono do time, o líder técnico, o velocista, os dois centroavantes, o banco de reservas, o comportamento do técnico. Enfim, fazendo os registros de todas essas variantes de um time e de seu jogo, uma verdade fica inabalável: o melhor time começa a jogar por toda a parte do campo, é veloz e pode ser lento, se quiser, cabeceia nas duas áreas, e marca tanto que se deve admitir que mais joga tudo aquilo que impede o adversário de jogar. E, assim, ganha. Estimo que seja o Grêmio. Os jogos Já viram o que está acontecendo nesse país que não tem mais uma seleção confiável, não tem mais um governo com crédito, que não tem energia elétrica, deve mais do que pode pagar ou paga mais do que, proporcionalmente, deve, que perdeu a auto-estima que mesmo o fantástico Guga não consegue reabilitar porque se sabe muito bem que ele é Mané da Ilha, um fenômeno, e nós somos essa massa de manobra, desumanizada, entristecida e sem futuro, já viram? Pois nunca como agora se viu jogos de futebol melhores do que esses que nos concederam como um privilégio em meio a tantas perdas e desavenças nacionais. O Grêmio nos deu já um punhado de jogos de altíssima qualidade coletiva, artesanal e de competição – e hoje e no próximo domingo serão mais dois, pelo Grêmio e pelo Corinthians, com certeza – Palmeiras x Cruzeiro, lembram? Flamengo e Vasco, o do Petkovic, para só citar alguns mais próximos, e, quinta-feira, na Bombonera, talvez o mais intenso, emotivo e exemplarmente jogado que foi Boca Junior e Palmeiras. Esta tarde de domingo será daquele nível, talvez um dígito a menos do que o de Buenos Aires porque é muito difícil manter-se o mesmo nível de intransigência daquela noite. Alegria Neste sábado – escrevo na sexta-feira para ser lido ao entardecer do sábado e em todo esse domingo – a Seleção de Émerson Leão estava em campo contra a Austrália em Ulsan, na Coréia do Sul, batalhando o terceiro lugar da Copa das Confederações. Os jornais de São Paulo só falam da saída do técnico e da ascensão de Luiz Felipe Scolari. E neste domingo, Guga decide Roland Garros. Não vi a sua vitória sobre Ferrero, que massacrara Hewitt na véspera. – Fantástico! – foi o que me disseram como síntese. Guga é uma das poucas alegrias nacionais. E sem favor, na raquete, no saibro, e em Paris. ruy.ostermann@zerohora.com.br
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