Só a vigilância permanente da sociedade, diretamente ou por meio de seus representantes, pode garantir que a tão aguardada duplicação seja finalmente concluída.
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Turistas e catarinenses que se deslocarem pela BR-101 neste feriadão irão se defrontar, mais uma vez, com históricos pontos de estrangulamento dessa rodovia essencial para quem precisa se locomover entre os dois Estados sulinos. Só a vigilância permanente da sociedade, diretamente ou por meio de seus representantes políticos, pode garantir que a tão aguardada duplicação seja finalmente concluída, contribuindo para uma redução nos riscos à integridade física dos usuários e no custo final de produtos transportados via rodoviária, que são arcados pelo consumidor final. Enquanto os canteiros de obra seguem parados ou em marcha lenta, resta à sociedade aguardar que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Polícia Rodoviária desenvolvam pelo menos esquemas eficientes de orientação e vigilância.
De todas as obras de interesse comum a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul, os dois Estados mais meridionais do país, nenhuma outra esbarrou em tantos entraves de toda ordem quanto a 101. Tanto no lado catarinense quanto no gaúcho, a duplicação só foi adiante depois de os projetos ficarem à espera no papel durante décadas, porque as comunidades se organizaram, inconformadas com a rotina de acidentes. Até os projetos começarem a sair do papel, foi preciso garantir vontade política, assegurar verbas no orçamento, driblar a burocracia, a falta de planejamento e a ganância de empreiteiras que se aproveitam das dimensões do megaprojeto para tentar maximizar seus ganhos.
Em consequência dessas dificuldades, seguem pendentes algumas das obras mais dispendiosas do complexo. Só na ponte de Laguna – a mais cara, e que teve como projeto vencedor o de maior valor -, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou um sobrepreço de R$ 53 milhões. Na renegociação, o DNIT conseguiu uma redução de R$ 40 milhões, o que dá uma ideia do quanto é preciso fiscalizar com rigor esse tipo de obra, em todas as etapas. Como isso nem sempre ocorre, quem sofre são os usuários, forçados a enfrentar períodos intermináveis de espera, principalmente em trechos como o de Laguna, mas também em Tubarão e Palhoça. O agravante é que a entrega das obras mais aguardadas dificilmente ocorrerá antes de 2015, se nada ocorrer de excepcional.
Em consequência, além do aumento do número de mortes, o atraso na conclusão das obras continuará impondo prejuízos financeiros incalculáveis. Na estimativa da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), nada menos de R$ 33 bilhões deixaram de ser gerados na região apenas entre 2009 e 2012, como resultado do atraso no projeto. Por isso, a necessidade de conclusão das obras na mais importante ligação rodoviária entre os Estados sulinos precisa ser lembrada permanentemente, não apenas nos feriadões, quando os problemas se multiplicam.
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