A futura melhoria dos trechos estaduais mais violentos de Santa Catarina, com forte sinalização ou alargamento de curvas, tem a capacidade de evitar acidentes graves. A afirmação é do major Fábio Martins, chefe administrativo do Batalhão Rodoviário da PMRv. A exceção são os motoristas embriagados ou que não providenciam a revisão do veículo antes de pegar a estrada.

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Há um ano foram anunciadas obras de correção nos 17 trechos mais violentos do Estado, e pouco foi feito até agora.

– Com a recuperação da infraestrutura destes trechos, a probabilidade de reduzir a gravidade das ocorrências é alta. Em um acidente que resultou na saída de pista seguida de capotamento, por exemplo, se o motorista tivesse visto várias placas de diminuição de velocidade poderia ter apenas saído da via e não capotado – diz o major.

Foi num dos trechos com previsão de melhorias de sinalização e pavimentação, a SC-446 (hoje SC-108), entre Orleans e Criciúma, que Pedro dos Santos, 56 anos, perdeu o único filho, há um ano. Helon Vasconcelos dos Santos, 27 anos, conhecido cantor sertanejo da região, estava voltando para casa em Criciúma quando capotou o veículo às 4h da madrugada, no dia 16 de abril. O acidente acabou com os sonhos da dupla Helipe e Helon, que havia gravado um DVD no final de 2011 e iria lançá-lo no mesmo mês. Sem o filho, Pedro não se recuperou.

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A morte e o outro olhar

sobre a rodovia

– Ele começou a carreira aos 17 anos e éramos muito ligados. Depois do acidente fiquei um tempo em casa, fora da área. Recomecei há apenas três meses e ainda é difícil suportar. É uma perda irreparável. Minha vida nunca mais será a mesma sem ele. Mas como Helon me conhecia como um pai guerreiro, tive que seguir em frente – conta.

Pedro relata que Helon não bebia nos shows, principalmente quando sabia que precisaria voltar dirigindo. Mas ele reconhece que o cansaço de quatro apresentações seguidas pode ter interferido nos reflexos do filho. Pela própria vivência, o pai também defende que as rodovias da região necessitam de reparos.

– Sempre dirigimos à noite e percebemos o quanto faz falta uma sinalização bem feita. Muitas das placas estão escondidas no meio do mato, as lombadas deviam ser bem amarelas para podermos observá-las de longe e no escuro – detalha.

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Outra vida passou por uma reviravolta depois de um acidente em um dos trechos que passarão pelas reformas. Em maio do ano passado, Fabiano de Oliveira Nunes, de 32 anos, perdeu a mãe, a mulher e a filha de dois meses na SC- 438 (nova SC-390), em Painel, na Serra Catarinense. Fabiano saiu da pista e capotou em uma ribanceira de cinco metros. Segundo o relato de familiares, ele perdeu o controle do veículo ao passar por ondulações na rodovia.

– Ele ainda não se recuperou e segue muito abalado. Costumava tomar cuidado. Se a estrutura da via fosse melhor, quem sabe o acidente não fosse tão grave – diz um primo, que pediu para não ser identificado.