Tudo começa quando a mãe ou o pai decidem se separar. O casamento se acaba, e eles resolvem formar um novo grupo familiar. Talvez o novo companheiro ou companheira levem os filhos ou façam outros na recente união. Em todo caso, as relações poderão trazer problemas inéditos que vão requerer soluções específicas.

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A dúvida que cerca as famílias em casos de separações conjugais está geralmente relacionada ao funcionamento da família. Será possível criar vínculos entre padrastos, meio-irmãos e enteados? Como os filhos aguentarão a distância dos pais e as mudanças que estão para vir?

Pais e filhos, biológicos ou não, devem encontrar seu próprio lugar no novo grupo familiar para aprender a se entender, respeitar-se e se conhecer. Com motivação, é possível viver em um lar acolhedor e aplicar novas regras de jogo. Não é uma tarefa simples, mas também não é impossível.

– Quando falamos das segundas ou terceiras famílias, temos de entender que são diferentes na origem, mas não raras ou estranhas – diz a pedagoga Nora Rodríguez, especialista em educação e em conflito infantil.

Para ela, um dos fatores que mais definem os novos laços familiares é a sucessão de mudanças que todos os integrantes do grupo experimentam em um curto espaço de tempo – período, às vezes, tão breve que não conseguem assumir uma mudança quando já estão atravessando outra.

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– Ser uma nova família, formada por pais e filhos que anteriormente pertenciam a outro núcleo familiar, agora dissolvido pela separação ou divórcio do casal original e o fim da convivência, não é motivo de alarde. Quem sabe como suportar as dificuldades e leva em conta a nova realidade ajuda a resolver as questões que envolvem as crianças ou adolescentes – diz a especialista.

De acordo com Nora, as segundas, terceiras ou quartas famílias nascem de uma ou várias perdas: do casal anterior, de um projeto em comum, de propriedades ou de um status econômico determinado. Para os filhos, a principal perda que devem superar é não ver juntos seus pais e renunciar a este desejo.

– Os pais das novas famílias costumam se encontrar com os filhos do novo casal, que também não trabalharam o “luto” psicológico por causa da separação de seus pais, ou de outras separações se fazem parte de uma terceira ou quarta família – diz a especialista.

Quebra-cabeças

Separação, brigas, distâncias. Ocorrências às vezes inevitáveis dentro de casa pode deixar o mundo emocional das crianças desencaixado, como as peças de um “quebra-cabeças”. Quando os pais se separam e retomam outra forma de vida, a confusão pode ser maior ainda para os pequenos.

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– Quando seu mapa emocional é alterado, não resta aos filhos outra alternativa a não ser descobrir uma nova rota interior para poder localizar aquilo que agora parece não encaixar, um novo mapa afetivo para o qual necessitarão encontrar apoios – explica Nora.

Uma boa estratégia para ajudar as crianças a se integrar é que vejam que têm a oportunidade de experimentar diferentes vínculos dentro da família, algo que só é possível quando se produz a alquimia entre o novo e o velho, aceitando que tenham momentos nos quais precisam lembrar com o pai ou a mãe biológicos, parte de uma história anterior em comum. Para ajudar na integração, é aconselhável flexibilidade e tempo para acompanhar os processo de crescimento dos filhos.

– Em qualquer caso, será necessário facilitar a expressão dos sentimentos por mais difícil que seja. Expressar o que se sente sempre será melhor do que manipular, justificar ou julgar as pessoas. Também se deve evitar comparações entre uma e outra família, porque são sempre negativas.