Os desafios de quem vive com obesidade em Santa Catarina

Com a invisibilização, há uma falta de compreensão sobre a doença que leva à culpabilização da pessoa, que muitas vezes sente vergonha. É o caso da mulher entrevistada pela reportagem e que não será identificada. Ela relata ter evitado visitar a família por anos para não ser julgada pelo peso e conta ainda que passou por uma experiência muito negativa com um médico endocrinologista, quando descobriu um nódulo na tireoide.

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– Ele falou: “Eu não estou preocupado com o teu nódulo, estou mais preocupado com o teu peso, você tem que perder peso”. Aí, eu olhei para ele, expliquei o meu histórico familiar com câncer e tive que implorar várias vezes para fazer o exame de punção. E no fim eu estava com câncer, estava em estágio quatro, que é o mais grave – recorda.

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A queixa do cirurgião bariátrico Nicholas Kruel é de que falta a sociedade reconhecer a existência das pessoas com obesidade para oferecer atendimento e serviço adequados. Ele afirma que quando a pessoa não recebe respeito ou não pode ser atendida por falta de estrutura, causa um grande constrangimento que marca a pessoa e prejudica ainda mais fatores relacionados a autoestima e até a busca por ajuda.

– Se a gente parar para pensar, qual cadeira de dentista é reforçada para uma pessoa com obesidade? Se a gente chegar na emergência, não vai ter uma cadeira de rodas para pacientes obesos, da mesma forma que se a gente for em vários consultórios não tem onde a pessoa se sentar – diz Kruel.

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O professor André Trevisol tem o entendimento de que é preciso superar os estigmas relacionados às pessoas gordas e pensar na existência desse grupo para que as pessoas com obesidade também possam se sentir pertencentes à sociedade.

– Pessoas acima de peso existem e a falta de representatividade torna ainda mais difícil lidar com isso. Acredito que uma boa forma de perceber essas pessoas é dar espaço para elas. Ainda é preciso desassociar certos conceitos criados sobre pessoas acima do peso – reflete o professor.

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