A investigação que prendeu um grupo neonazista em Santa Catarina na última quinta-feira (20) começou há cinco meses. O delegado responsável pela operação, Arthur Lopes, conta que tudo começou com a prisão de um homem de 20 anos por tráfico de drogas. Bandeiras neonazistas e vídeos encontrados com o jovem motivaram o inquérito instaurado dois meses depois, que deflagrou a ação contra grupo que produzia propagandas nazistas.
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Após o inquérito ser instaurado em junho, os policiais descobriram que o jovem fazia parte de um grupo com outros seis homens, com idades entre 20 a 29 anos, todos presos nesta operação. Eles seriam de Florianópolis, Joinville, São José, São Miguel do Oeste e Maravilha e tiveram a prisão temporária decretada por 30 dias.
A investigação ocorreu por meio de diligências e busca cibernética. O delegado, que atua na Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância de SC, explica que no período em que não se encontravam presencialmente, os envolvidos compartilhavam conteúdos e conversaram sobre o assunto em aplicativos de mensagem.
Conforme Lopes, eles realizam encontros periódicos em um sítio, que não teve a localização divulgada. O primeiro registro de encontro é de 2020. No ano, o grupo teria se reunido duas vezes. Juntos, os homens produziam conteúdo de propaganda nazista, que reproduzia discursos de ódio contra judeus, negros e pobres.
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Em um dos vídeos, os membros investigados aparecem quebrando uma televisão. No centro da tela está colada uma caricatura usada para depreciar judeus.
— Nesses encontros eles se diziam a nova “SS” de Santa Catarina. Eles realmente idolatravam esse grupo da época do nazismo — conta o delegado, que explica que SS é a abreviação de Schutzstaffel, esquadrão mais leal de Adolph Hitler e um dos pilares do nazismo.
De acordo com Lopes, a Civil ainda investiga qual o objetivo da célula e se esses vídeos teriam sido distribuídos em alguma plataforma.
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Além de bandeiras e vídeos neonazistas, foram encontrados uniformes que relembravam o período nazista na 2ª Guerra Mundial, e armas e munições. Questionado sobre como os jovens patrocinavam esses itens, o delegado respondeu que, a princípio, os homens bancavam as armas com o próprio dinheiro. A origem do armamento ainda é investigado.
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— Alguns deles trabalhavam — pontua.
Quatro dos presos são estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em nota, a universidade disse que vai solicitar informações à Polícia Civil sobre os estudantes presos e, a partir disso, tomar “as medidas disciplinares cabíveis” Conforme revelou o colunista do NSC Total Renato Igor, o regulamento da UFSC prevê, como punição máxima, a expulsão dos alunos.
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Após a prisão, os envolvidos deram versões diferentes sobre as motivações de participarem do grupo. O delegado Lopes conta que alguns afirmaram serem admiradores da cultura germânica, enquanto outros, se declararam “revisionistas”, ou seja, tinham interesse acadêmico pelo período nazista.
— Eles disseram que, apesar do discurso de ódio, eles não tinham interesse em concretizar nenhuma das falas de preconceitos — fala o delegado.
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