O ano era 1975. A data, 17 de agosto. Em campo, no Estádio Orlando Scarpelli, duas escalações de time que ficaram na memória dos torcedores e entraram para a história ao protagonizar o primeiro clássico da Capital em uma decisão do Campeonato Catarinense. Aquele era o terceiro jogo da final, e o Figueirense, com vantagem de dois pontos, precisava apenas de um empate.
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A reviravolta, porém, aconteceu aos 23 minutos do segundo tempo, quando o Avaí emplacou o gol que definiu a partida em um a zero, consagrando-se vitorioso.
Depois de 37 anos, às vésperas de mais uma final de clássico no Catarinense, dois personagens que viveram aquela disputa histórica se encontram, como velhos amigos, para bater um papo na Praça XV de Novembro, atraindo a atenção e os cumprimentos de quem passava pelo Centro de Florianópolis. Após 15 anos sem se ver, trazem uma bagagem de lembranças e orgulho do futebol que fizeram em 1970.
– Pode perguntar pra qualquer torcedor que viveu aquela época. Todos vão dizer que o time dos sonhos do Avaí era o de 1975. E o do Figueira também – assegura o avaiano Orivaldo Osmar da Silva, que jogou por quase 10 anos como lateral esquerdo do time.
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– O amor que a gente tinha pela camisa, naquela época, é uma coisa que não se encontra hoje. Perder um clássico era inadmissível – recorda o alvinegro Jaime Casagrande, o “Casão”, que hoje atua como observador técnico para o Figueirense.
– O Casão, se perdia um clássico, chegava em casa chorando. Eu também era assim. A gente não aceitava – confessa Orivaldo. Como se o rádio continuasse sintonizado na mesma estação, Casagrande e Orivaldo ainda escutam as ovações da torcida que lotou o Scarpelli naquele agosto de 1975.
1975 ficou na memória
– O Zenon cruzou e o nosso centroavante, Juti, fez o gol de cabeça. São lances que a gente não esquece na vida. Depois do jogo, a gente foi pagar promessa e acender vela – lembra Orivaldo, nostálgico.
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– Era tanta coisa que a gente prometia… Esse bicho, se tivesse que matar a mãe, matava. Ele era um perigo. Os técnicos diziam para a gente cuidar o lado dele – diverte-se Casagrande.
– É, mas o Casão era mais técnico. A gente se preocupava muito com ele. Todo o time do Figueirense tinha muita qualidade naquela época, assim como tem hoje – conta o avaiano.
– Mas esse Avaí tem uma garra que ninguém mais tem. Foi na garra que ganharam aquela final de 1975 – opina Casagrande.
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– E é na garra que vamos ganhar essa também – brinca Orivaldo.
“Que vença o melhor”
Rivalidades entre Avaí e Figueirense à parte, Orivaldo e Casagrande são unânimes ao avaliar o cenário que cerca a disputa deste domingo na Ressacada. Ambos enfatizam o favoritismo do Furacão e acreditam que o Leão precisa garantir uma vitória neste primeiro jogo.
– Hoje o Figueirense tem um dos melhores times de Santa Catarina, com jogadores de muita qualidade desde o início do campeonato. No Scarpelli, é praticamente imbatível. Vai ficar difícil para o Avaí – observa Casagrande, e Orivaldo concorda.
– O Figueira tem um time melhor e nomes de destaque. Temos que ganhar esse jogo na Ressacada de qualquer jeito. Se o Avaí perder, o Figueira leva o campeonato. Mas, como diz aquela frase que falam por aí, esse Avaí faz coisa – acredita o ex-jogador.
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– Que vença o melhor! – resume Casagrande.
– Mas a nossa amizade continua a mesma – sorri Orivaldo.