O Hospital São José, de Criciúma, confirmou nesta sexta-feira (27) que os órgãos dos quatro pacientes que tiveram morte encefálica na unidade, em menos de 24 horas, foram enviados para ajudar outras 12 pessoas. Por força de lei, as identidades de quem recebeu as doações não foram divulgadas.

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A captação dos órgãos de quatro pessoas em menos de 24 horas foi inédita no Estado. O trabalho para a remoção dos tecidos teve início na madrugada de quinta-feira (26) e seguiu até o início da tarde. Para conseguir dar conta da demanda, equipes de médicos viajaram de Blumenau e Florianópolis, com o objetivo de ajudar os médicos.

A doação de órgãos segue um rigoroso processo que se inicia quando os médicos percebem que um paciente tem os primeiros indícios de morte cerebral. Em seguida, são feitos vários testes para confirmar se a pessoa morreu ou não. Também são realizados exames para verificar as condições dos órgãos e a compatibilidade com quem está nas filas de espera.

Todo o processo é acompanhado pela família, que recebe apoio psicológico para lidar com o luto e também com a decisão de doar ou não os órgãos. Cabe apenas aos parentes que estão vivos definir se a doação poderá ser feita.

Na captação realizada na quinta-feira, os médicos conseguiram remover fígados, rins e córneas dos pacientes que tiveram a morte cerebral confirmada. Os órgãos foram repassados à SC Transplantes, autarquia responsável por gerenciar as filas de espera no Estado.

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Para a coordenadora da Comissão Hospitalar de Transplantes do Hospital São José, Daniela Luiz, a atitude das famílias é louvável, porque só elas poderiam ter autorizado a retirada dos órgãos.

— A importância desse ato é ajudar quem está na fila de espera. A gente sabe que é uma fila única estadual, através da SC Transplantes, que controla todo esse processo. Então, é ajudar o próximo, mas sem saber a quem — diz Daniela.

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Recorde de doações

Nesta sexta-feira (27), é comemorado em todo o Brasil o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Em Florianópolis, um evento promovido pela SC Transplantes trouxe alguns números sobre o tema no Estado. Segundo a entidade, em setembro foram realizadas 38 doações, um recorde em Santa Catarina, para apenas um mês.

Ainda conforme a SC Transplantes, o número de doadores efetivos vem crescendo nos últimos anos. Isso também se deve a uma menor negativa por parte dos familiares. Em agosto, apenas 28,1% dos parentes foram contrários à doação de órgãos dos familiares.

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