As duas organizações sociais alvos da operação Pecados Capitais, deflagrada nesta terça-feira (3) em Florianópolis, usavam contratos com empresas terceirizadas para limpar dinheiro desviado da prefeitura da Capital. Uma delas tinha um contrato superfaturado com uma lavanderia, segundo o delegado responsável pelas investigações, Gustavo Murijo. Entre os alvos, está a responsável pela administração do Restaurante Popular.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

A operação prendeu duas pessoas. Uma delas é representante de uma das organizações; a outra é um ex-servidor público, que, segundo o delegado, teria facilitado o termo de colaboração com as organizações sociais, firmados com a Secretaria de Assistência Social da Capital. No entanto, ele afirma que não há indícios de fraude por parte da prefeitura, mas as investigações continuam.

Quem são o pastor e o ex-secretário presos por desvio de verba pública em Florianópolis

Uma das organizações na mira da Polícia Civil firmou o termo de cooperação entre 2020 e 2021. Neste período, contratou uma lavanderia terceirizada, com valores que, segundo o delegado, eram maiores do que o de fato solicitados pela empresa. Este valor superfaturado era repassado pela prefeitura para a organização social. Parte dele era usado para pagar a lavanderia, e o excedente ficava nas mãos da diretoria.

Continua depois da publicidade

Já a segunda empresa firmou o contrato com a prefeitura em 2022, e atuava de forma semelhante, contratando uma empresa com valores superfaturados e desviando parte do repasse.

A operação deflagrada nesta manhã bloqueou R$ 3 milhões dos alvos da investigação, além de apreender quatro carros, e sequestrar três imóveis e quota sociais de uma empresa.

As organizações atuavam com termos de cooperação, a Nurrevi com casas de acolhimento a pessoas em situação vulnerável na Capital, enquanto a Aminc opera o Restaurante Popular.

Em nota, a Nurrevi diz que os fatos ocorreram antes da atual administração, e que permanece à disposição das autoridades.

Continua depois da publicidade

“O Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas (Nurrevi), diante da operação “Pecados Capitais” conduzida pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (03), que apura fatos ocorridos entre 2020 e 2022, antes da administração atual, informa que confia integralmente nas autoridades policiais e judiciais, acreditando que os fatos serão esclarecidos de maneira completa e transparente.
A instituição já disponibilizou toda a documentação sob sua guarda, reafirmando seu compromisso com a colaboração ativa para o avanço das investigações e responsabilização dos envolvidos.
O Nurrevi Brasil permanece à disposição das autoridades competentes em fornecer quaisquer informações adicionais que possam contribuir para o devido esclarecimento.”

Já a Aminc disse que “Trata-se de um grande equívoco a afirmação de que a entidade foi possivelmente
beneficiada no Edital 003/2022/SEMAS/PMF”, e mais:

“Infere-se que o Edital em comento foi realizado em estrita legalidade, sendo fiel aos ditames trazidos pela Lei nº 13.019/2014, tendo esta entidade apresentado um plano de trabalho técnico e fidedigno ao que está sendo executado ate os dias de hoje.
O Instituto AMINC possui 14 anos de uma história irretocável em todos os projetos que executa, sendo atualmente responsável pela gestão de 5 restaurantes populares no Estado de Santa Catarina e São Paulo, além de acolhimentos institucionais para crianças e adolescentes, bem como pessoas em situação de rua.
São mais de 280 funcionários comprometidos com uma gestão eficiente e transparente, atendendo mais de 5 mil pessoas em situação de vulnerabilidade diariamente.

A Instituição possui todos os seus contratos auditados pelos setores de prestação de contas de cada município, além de uma auditoria externa, não tendo nenhum vínculo contratual que não tenha perpassado por este crivo.
Todos os serviços contratados passam por uma cotação, sendo escolhido sempre o menor preço, de modo que confiadamente, asseguramos que todos os serviços contratados ou itens adquiridos possuem o menor preço de mercado, não havendo que se falar em qualquer superfaturamento.
A instituição segue à disposição da justiça para comprovar a idoneidade em todos os seus processos, aguardando o desfecho da investigação para tomada de providências em relação aos investigados que possuem ligação com o Instituto.”

Em nota, a prefeitura de Florianópolis disse que “até o momento, as informações que chegaram à prefeitura são de que a operação se trata de fatos ocorridos entre 2020 e 2022, antes da administração atual. Mesmo assim, é importante ressaltar que a atual gestão já havia aberto uma auditoria interna em relação à entidade que administra o restaurante popular, punindo-a, inclusive, determinando devolução de recursos.”

Continua depois da publicidade

Veja fotos da operação e dos itens apreendidos

Leia também

Advogados de facção criminosa são alvos de operação do Gaeco no Norte de SC