A sentença de Mario Quintana já definia: “os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam pessoas”. Os voluntários da organização Omunga, sediada em Joinville, são a prova viva desta frase e começam a ver esta ideia crescer. Nesta semana, um novo projeto da grife social foi lançado para o segundo levante em direção à mudança do mundo.

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Com Livros para África, a organização dá início à captação de fundos para construir duas bibliotecas no interior da África e, em seguida, capacitar profissionais que cuidarão para que estas ferramentas sejam utilizadas em sua totalidade.

A experiência no continente do outro lado do Atlântico não é exatamente novidade para a Omunga e seu criador, o empreendedor Roberto Pascoal. No ano passado, a organização começou a funcionar efetivamente com o projeto Escolas do Sertão, que construiu e instalou duas bibliotecas no Piauí – uma na comunidade de Serrinha, no município de Betânia do Piauí, e outra no povoado de Baixio dos Belos, no município de Curral Novo, beneficiando mais de 800 crianças e adolescentes brasileiros. Agora, a missão vai mais longe, e atinge a juventude africana.

– Nosso objetivo é trabalhar em lugares de extrema vulnerabilidade e com altos índices de analfabetismo no Brasil e no mundo – explica Pascoal, sobre a intenção de não visualizar fronteiras: a Omunga nasceu em Joinville, mas pretende levar projetos para todo o planeta.

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Desde segunda-feira, o site da organização está no ar para a venda dos kits – uma camiseta e um livro infantil – que serão a fonte de recursos para o projeto Livros para África. Isso porque, a Omunga não é uma ONG, mas uma organização privada sem fins lucrativos: eles são totalmente sociais. Por isso, não recebe doações nem verba federal, mas arrecada fundos, recursos materiais e capta voluntários para projetos educacionais.

É com a venda destes produtos que a Omunga prevê captar R$ 320 mil ao longo de seis meses e, com a verba, construir uma biblioteca na periferia de Luanda, em Angola, e uma biblioteca em Boroma, no interior de Moçambique. Assim, mais de 3 mil crianças e adolescentes terão um mundo novo aberto bem no meio de suas comunidades, com a chegada de livros que não mudarão o mundo, mas mudarão estas pessoas.

Voluntariado como essência e profissão

Aos 34 anos, Roberto Pascoal tem uma longa trajetória dentro do trabalho voluntário, mas foi nos últimos quatro anos que ela cresceu e chegou perto de ultrapassar os outros projetos do joinvilense. Membro do Rotaract (braço jovem do Rotary), voluntário em programas como o Bombeiro Mirim e do Lar Emanuel, e integrante do Núcleo Jovem da Acij, ele fazia destas ações parte de seu momento de folga.

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– Eu não achava que nada disso teria reflexo no meu futuro. Até que comecei a sentir que o trabalho na comunicação não estava mais me dando prazer, e fui para Angola vivenciar um pouco da experiência em programas sociais – lembra ele, que é publicitário por formação.

Ao chegar ao país africano, uma nova chance profissional apareceu e o voluntariado ficou em segundo plano novamente, mas só até a função de intermediador de voluntários entre Brasil e África começar a fazer mais sentido. Ao aceitar o convite de uma amiga para conhecer o sertão nordestino, a ideia da Omunga nasceu.

– Passei a me inspirar em pessoas como John Wood (economista criador da ONG Room to Read) e até mesmo na Viviane Senna, que tem ações voltadas para a educação – conta.

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Projeto à espera de colaborações

Ainda não é possível afirmar dados de evolução e desenvolvimento nas comunidades do Piauí onde a Omunga atuou com o Projeto Escolas do Sertão – as bibliotecas foram instaladas em outubro de 2013. Mas, definitivamente, o incentivo à leitura cresceu.

– Sem dúvida aumentou, se contarmos que antes não havia livros e hoje eles possuem, além de dúvidas e provocações. Você percebe que existe mais motivação para a leitura agora – afirma Roberto Pascoal.

Formada totalmente por voluntários, a organização conta hoje com quatro pessoas à frente dos trabalhos e contribuições temporárias, que podem ser de catalogadores dos livros para as novas bibliotecas aos artistas que criaram as estampas para as camisetas. No projeto Livros para África, os modelos contam com a assinatura de Adri Volpi, Giu Vicente e do estúdio FAZdesign.

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Além disso, os kits contam com a obra Livros para África, escrito por Jura Arruda e ilustrado por Michelline Móes. Na história, dois Jorges – um brasileiro e um angolano – se conhecem em Luanda e ficam amigos, conhecendo todas as diferenças entre seus países e as driblando com a paixão de ambos pelos livros.

Os kits estão à venda a R$ 49,90 no site da Omunga (www.omunga.com). As empresas interessadas em ajudar podem adquirir lotes maiores de camisetas, fazer doações de equipamentos usados ou aporte financeiro direto.

Já as pessoas físicas podem participar de diversas formas: comprando e revendendo camisetas, sendo um divulgador dos projetos por meio de ativismo digital nas redes sociais da internet e, ainda, indicando empresas que tenham sinergia com a promoção da educação. Voluntários para colaborar dentro da Omunga também são bem-vindos.

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