Uma organização criminosa internacional especializada no narcotráfico, com conexões em Santa Catarina, Europa e São Paulo, é a principal linha de investigação da Polícia Federal (PF) de SC sobre a origem do R$ 1 milhão encontrado dentro do painel de um carro, no dia 27 de março, em Barra Velha. O dinheiro seria oriundo do pagamento de uma carga de cocaína que teria sido exportada para a Europa pelo Porto de Itajaí.

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Os cerca de 200 mil Euros, US$ 10 mil e R$ 507 mil estavam escondidos dentro de um saco plástico no fundo falso do painel de um Citröen Aircross, com placas de São Paulo. O dinheiro foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na rodovia BR-101. A investigação está com a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Florianópolis.

O casal paulista preso na operação, um homem de 32 anos e uma mulher de 34, seria integrante de uma grande quadrilha especializada no narcotráfico. A polícia não revelou os suspeitos de comandar o grupo, mas não descarta o envolvimento de nigerianos. Atualmente, eles seriam os principais traficantes internacionais de entorpecentes atuando no Brasil, um dos corredores da exportação de cocaína pura da Bolívia para a Europa. Em segundo lugar estão os árabes, à frente de outros grupos menores.

Cada uma das conexões da organização investigada seria especializada em um departamento. Um traficante brasileiro compraria a droga na Bolívia, traria a carga pelo Paraná ou Mato Grosso do Sul, via Paraguai, e revenderia para um traficante em Itajaí. Nestes casos, normalmente, a cocaína chega em carregamentos menores, entre 20 a 30 quilos, para que a organização não tenha prejuízo maior, em casos de apreensão pela polícia.

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O elo em Itajaí seria responsável por estocar a droga até atingir a quantidade suficiente para exportação, que gira em torno de 100 a 150 quilos de cocaína por viagem de navio. Normalmente, a cocaína fica em depósitos de carga na cidade, já que a movimentação de caminhões no local gera menos desconfiança.

A apreensão do dinheiro e a prisão dos suspeitos é mais uma ação de combate ao crime organizado realizada pela PRF, que encontrou também R$ 15 mil em cheques e um cordão com 280 gramas de ouro no carro.

Porto de Itajaí funciona como ponto de escoamento

O Porto de Itajaí é um dos principais pontos de escoamento de cocaína pelo Sul do Brasil com destino à Europa. A informação é da Polícia Federal. A facilidade existe por causa da fiscalização insuficiente. Os narcotraficantes lucram muito, diz a PF. O quilo da droga na Bolívia custa cerca de R$ 8 mil. Na Europa a mesma quantidade vale 55 mil Euros, o equivalente a R$ 142 mil.

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Normalmente, a cocaína atravessa o oceano escondida em containers. A entrada nos navios acontece por meio de marinheiros cooptados. Cada um fica responsável por cerca de 10 quilos. Eles são usados para não levantar suspeitas, já que podem entrar e sair da embarcação a hora que quiserem.

Outra modalidade de embarque da droga é encostar uma lancha pequena ou barco junto ao casco do navio e içar a carga até o convés. O horário preferido é a madrugada, mas a PF conta que já houve transporte de entorpecentes durante o dia.

Sem envolvimento com outros tipos de crimes

Esse tipo de organização criminosa atua apenas por dinheiro e no narcotráfico. Não tem envolvimento com outros crimes como latrocínio nem são organizados em cadeias. Estão bem acima de facções criminosas estaduais, diz a PF. E tem alto cacife até para amortizar um prejuízo como o que levaram da PRF.

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O homem preso no fim de março teria saído de São Paulo com a missão de quitar a carga. A droga já teria saído do país mediante o pagamento antecipado do frete. Natural de Santos, ele já tinha passagem por tráfico em São Paulo, segundo a PRF. Ele e a mulher, que é natural de Itu (SP), foram presos em flagrante por financiamento do tráfico de drogas.