Tradicionais ícones urbanos em idos tempos, os telefones públicos estão sendo adequados à nova era das comunicações. Acompanhando um caminho já iniciado em outros países – em Nova York (EUA), o serviço começou a ser testado neste ano -, os orelhões brasileiros, aos poucos, deixarão de ser simples terminais telefônicos, passando a operar como espécies de lan houses a céu aberto, oferecendo acesso à internet sem fio em um raio de até 70 metros.
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Responsável por mais de 700 mil telefones públicos em cerca de 4 mil municípios (equivale a cerca de 75% dos equipamentos em operação no Brasil), a Oi começou a testar o orelhão com Wi-Fi em outubro, em Florianópolis.
No período de testes, para acessar à rede, usuários de quaisquer equipamentos compatíveis com a tecnologia Wi-Fi só precisam realizar um cadastro. Segundo a Oi, diariamente são realizados cerca de 130 acessos por meio do equipamento, no Largo da Catedral, no centro da capital catarinense.
Até o fim do ano, a companhia pretende instalar pelo menos 30 aparelhos com Wi-Fi, nas principais capitais brasileiras. Conforme o gerente de Terminais de Utilidade Pública (TUPs) da Oi, João Paulo Grunert Serra, a rede contará com cerca de mil novos equipamentos até o fim de 2013.
Equipamentos atuais são cada vez menos usados
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Recentemente, os orelhões foram alvo de polêmica, após a instalação de 16 equipamentos em um matagal e em um cemitério, em Passa Sete, no Vale do Rio Pardo.
Os aparelhos foram afixados pela Oi, atendendo à norma da Agência Nacional de Telecomunicações, que exige mínimo de quatro aparelhos para cada mil habitantes. O fato chamou a atenção para os orelhões, deixados de lado por parte da população.
Segundo a Oi, em 2010, menos de 4% da população usava os orelhões diariamente, e a utilização vem caindo 50% ao ano, em média.
Hoje, 40% dos aparelhos registram tempo médio de um minuto em ligações por dia. Assim, os novos orelhões surgem como parte de um plano para revitalização de uma estrutura outrora essencial, mas em acelerado desuso devido à popularização da telefonia móvel.
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Antônio Carlos Valente, presidente da Vivo, que também está testando orelhões com Wi-Fi, diz que as experiências com esse equipamento em outros países ainda não são suficientes para garantir que esse seja o futuro dos aparelhos.
– Mas é uma iniciativa válida – comenta.
Já o consultor em telecomunicações Eduardo Tude, presidente da Teleco, mostra-se mais otimista:
– Se os orelhões com internet criarem um apelo de uso à população, podem ser a nova tendência para o futuro.