Uma disputa política foi deflagrada nesta quinta-feira após revelações do jornal “The Washington Post” de que congressistas americanos inseriram, às escondidas, uma disposição em uma dotação orçamentária que bloquearia qualquer mudança no programa nacional de aviões não tripulados (“drones”).

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O veterano senador John McCain disse ter ficado atônito ao saber que os membros da Comissão de Apropriações da Câmara de Representantes e do Senado inseriram uma provisão no pacote de gastos avaliado em US$ 1,1 trilhão que mantém o papel da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) em operações para lutar contra o terrorismo.

As Comissões de Apropriações de ambas as Casas trabalham, principalmente, na tarefa de destinar recursos às agências federais.

– Essa é a elaboração de uma política importante ligada à nossa guerra ao terror, e isso está escondido em um anexo secreto?! – questionou McCain, ao deixar o Senado, visivelmente incomodado, com um exemplar do “Washington Post” nas mãos.

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McCain não disse se concorda com a mudança no programa dos “drones”, que teria sido apoiada pelo presidente Barack Obama, mas criticou a “arrogância” dos parlamentares com suas “decisões arbitrárias”, bloqueando alterações sem qualquer justificativa mais ampla.

O governo Obama é acusado de fazer pressão para deslocar as operações com “drones” da CIA e colocá-las sob controle militar, devido ao aumento da preocupação com as mortes de civis.

Em dezembro, um ataque que teria sido realizado com “drones” americanos matou no Iêmen dois suspeitos de pertencerem à rede Al-Qaeda. Um dia antes, a ONU denunciou que 16 civis morreram em duas festas que foram alvo dos “drones”, nesse mesmo país, em 12 de dezembro.

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Já o número dois dos democratas no Senado, Dick Durbin, que faz parte da Comissão de Apropriações, não confirmou a matéria do “Post”. Segundo ele, “há certas áreas, sobre as quais não podemos falar publicamente, devido a temores de que ponham nosso país em risco”.

Durbin também não quis comentar a sugestão de McCain de que as operações de “drones” devem ser discutidas na Comissão.

Não há qualquer menção aos “drones” nas 1.582 páginas divulgadas sobre a dotação orçamentária que o Congresso deve aprovar esta semana.

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“Os ajustes nos programas sigilosos são tratados nos anexos ‘classificados’ que os acompanham”, de acordo com a legislação.