O impacto da pandemia de coronavírus não está somente relacionada a saúde, economicamente o país já enfrenta batalhas que devem se estender ainda por um longo período. O aumento do desemprego e a redução de renda da população impactam diretamente no orçamento doméstico de quase todas as famílias.
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Hoje, cerca de 50 milhões de pessoas estão inscritas para receber o auxílio emergencial ofertado pelo Governo Federal, benefício que é pago para trabalhadores informais e pessoas de baixa renda, inscritos do cadastro social do governo e no Bolsa Família. Nesta segunda-feira, 18, inclusive iniciam os pagamentos da segunda parcela de R$ 600 do auxílio.
Mesmo com despesas contidas, os gastos continuam acontecendo. Quando tudo o que se podia já foi reduzido e chega-se ao limite, não sobrando recursos para pagar as contas, é hora de partir para a última etapa, a renegociação.
O economista Guilherme Faria Alano, dá dicas de como fazer a renegociação de dívidas com bancos e credores e também explica qual o melhor momento para iniciar a negociação.
O que pode ser renegociado
Dentro do orçamento doméstico, os financiamentos, costumam abocanhar uma parte expressiva da renda, principalmente, financiamentos imobiliários. Guilherme aponta a flexibilização de bancos, locatários e credores de maneira geral para a renegociação de débitos durante a pandemia.
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— Todos estão cientes da situação que estamos passando, e é preferível renegociar, dando condições para que o devedor consiga pagar, que não receber e entrar em litígio judicial, que pode demorar anos pra ser solucionado.
Nesse sentido, dos quase 5 milhões de brasileiros com financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal, o principal banco a fornecer essa linha de crédito, ao menos 2,3 milhões já solicitaram “pausar” o financiamento. Inicialmente, o banco aceitou prorrogar por 2 meses a todos os mutuários, e agora foi expandido para 4 meses no total.
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— Mesmo quem ainda esteja em condições de pagar o financiamento, mas tem uma reserva financeira pequena, ou nenhuma, para emergências, solicitar a pausa nas prestações é interessante, pois é um crédito relativamente barato, ou seja, com juros baixos. Caso precise de dinheiro em uma emergência, certamente não conseguirá nas taxas oferecidas no financiamento imobiliário — destaca o profissional, lembrando que a interrupção está sendo ofertada também por outros bancos.
Segundo a Febraban, a Federação brasileira dos bancos, que reúne as maiores instituições do país, os bancos já renegociaram “7,4 milhões de contratos com operações em dia, com saldo devedor de 424,9 bilhões de reais”. A entidade indica ainda aos consumidores que desejam renegociar, a buscarem os canais de atendimentos dos bancos para detalhamento de como proceder.
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Mas não só financiamentos, e com bancos, é hora de renegociar.
Outro item pesado no orçamento de muitas famílias (e também para pequenas e médias empresas) é o aluguel. Embora tenha havido projeto recentemente no Senado, tratando sobre a impossibilidade de ações de despejo durante a pandemia, o projeto não avanço. Nesse caso, as negociações estão acontecendo de forma mais informal, direto com o locatário, ou com a imobiliária.
— Novamente, ciente da situação, e que dificilmente durante a pandemia o locatário conseguiria relocar o imóvel, muitos proprietários de imóveis estão abertos a negociação — lembra Guilherme, que completa:
— De maneira geral, todas as despesas podem ser negociadas, em maior ou menor grau. O foco, deve ser naqueles que comprometam uma parcela maior do orçamento, bem como, aqueles que tenham uma taxa de juros maior.
Quando é o momento para negociar
O melhor momento para negociação, é tentar se antecipar a inadimplência, isto é, antes da divida de fato passar da data de vencimento. Quando isso ocorre, já há incidência de juros e eventuais encargos sobre a dívida, e por consequência, o valor da dívida acumulada já será maior para ser negociada.
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Além disso, negociar antes do vencimento, da uma margem de segurança maior para o consumidor. Isso porque, caso não tenha sucesso na negociação de um débito, ainda tem tempo para tentar renegociar outras dívidas, e de certa maneira, se precaver para o pior.
Deixar as dívidas acumularem, certamente é pior para quem quer negociar. Nesse momento, o consumidor tem pouco poder de barganha pois já está no limite. Quando isso acontece, normalmente, a situação está crítica, e as dívidas podem sair do controle, formando uma bola de neve muito mais difícil de ser revertida.