A opositora birmanesa Aung San Suu Kyi se reuniu nesta quinta-feira pela primeira vez com um dirigente herdeiro da junta militar, que será substituída no poder depois que a Nobel da Paz obteve sua vitória eleitoral, apesar de a transição se anunciar longa.

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Suu Lyi se reuniu a portas fechadas com a presidente da câmara baixa do parlamento, Shwe Mann, na capital administrativa, Naypyidaw, segundo um fotógrafo da AFP.

“Trabalhamos com dossiês importantes para o país”, afirmou o porta-voz da Liga Nacional para a Democracia (LND) de Suu Kyi, Win Htein.

Mas as reuniões com as duas personalidades principais, o presidente Thein Sein e o comandante das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing, não acontecerão por ora.

Assim que ficou sabendo de sua vitória eleitoral, a opositora enviou cartas oficiais a Shwe Mann, ao presidente e ao chefe das forçar armadas para pedir um encontro.

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O presidente já em fim de mandato, Thein Sein, prometeu no domingo uma transição tranquila e destacou que a ampla vitória eleitoral do partido opositor de Aung San Suu Kyi resultava das reformas de seu governo.

O ex-militar, que aposentou o uniforme ao assumir o poder há cinco anos, considerou a votação do dia 8 de novembro um legado das reformas que permitiram reintegrar à comunidade internacional um país submetido, durante anos, a um regime militar.

“As eleições são o resultado de nosso processo de reformas e, conforme prometido, fomos capazes de conduzi-lo com êxito”, disse Thein Sein ao receber os dirigentes políticos em Yangon, durante sua primeira aparição pública desde as legislativas.

“Transferiremos este processo (de reformas) ao novo governo”, declarou, acrescentando: “Não se preocupem com a transição”, buscando amenizar as preocupações por um possível desvirtuamento da primeira tentativa de democratização do país em várias décadas.

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A LND obteve cerca de 80% das cadeiras dos comícios, deixando migalhas às demais formações.

Apesar dos maus resultados de seu partido, os militares têm assegurada sua presença no Parlamento graças a uma lei que lhes garanta 25% das cadeiras.

Também controlam o aparelho de segurança do país e alguns postos-chave, como os ministérios do Interior e da Defesa, cuja nomeação depende do comandante-em-chefe das Forças Armadas.

Uma vez eleito, o Parlamento escolherá no início de 2016 o próximo presidente.

Aung San Suu Kyi não poderá ser chefe de Estado porque a Constituição birmanesa veta o cargo às pessoas que têm filhos de nacionalidade estrangeira, como é o caso da Nobel da Paz, que no entanto já advertiu que estará “acima” do posto.

* AFP