Um dos principais líderes da oposição venezuelana, Leopoldo López, deixou neste sábado (8) a penitenciária e foi colocado em prisão domiciliar em sua casa em Caracas, após três anos de detenção, num momento em que as tensões entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição aumentam.

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O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ordenou que o opositor fosse colocado em prisão domiciliar por razões de saúde, segundo anunciou a corte em sua conta no Twitter, indicando que a decisão foi tomada na sexta-feira (7).

O presidente do TSJ, Maikel Moreno, tomou esta decisão por razões “humanitárias”, indica o tuite, que não fornece mais informações.

Mais cedo, a notícia da saída do opositor da prisão foi dada por um de seus advogados na Espanha, Javier Cremades.

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“Leopoldo López está em sua casa em Caracas com Lilian (Tintori, sua esposa) e seus filhos. Ainda não está livre, permanece em prisão domiciliar. O tiraram da prisão ao amanhecer”, tuitou Javier Cremades.

“É preciso que devolvam a Leopoldo López todos os seus direitos civis e políticos. Ainda restam 300 prisioneiros políticos nas cárceres bolivarianas” do país sul-americano, ressaltou o advogado.

“Feliz que Leopoldo López voltou para casa com Lilian Tintori e seus filhos”, reagiu, por sua vez, o chefe de Governo espanhol, Mariano Rajoy.

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Na sexta-feira à noite, Lilian Tintori informou que havia visitado seu marido em sua cela na prisão de Ramo Verde, perto da capital venezuelana.

Desde o final de junho, ela e seus familiares não tinham notícias de López. Em um vídeo datado de junho, o opositor gritava em sua cela: “Lilian, estão me torturando! Denuncie!”.

López, de 46 anos, foi condenado sob a acusação de “incitação à violência” durante os protestos exigindo a renúncia do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014.

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Formado em economia na prestigiosa universidade americana de Harvard, López integra a oposição mais dura ao regime chavista, que o acusa de ser “de extrema-direita” e “golpista”.

– Maduro sob pressão –

A decisão da justiça venezuelana acontece num momento de grande tensão na Venezuela. Na quarta-feira, militantes pró-Maduro invadiram o Parlamento, a única instituição controlada pela oposição. Cerca de 300 políticos e jornalistas permaneceram bloqueados no edifício durante nove horas.

As manifestações contra o presidente Maduro são quase diárias há três meses no país e já deixaram 91 mortos.

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O presidente socialista, que denuncia regularmente uma “conspiração” orquestrada pelos Estados Unidos, está sob grande pressão. Cerca de 80% dos venezuelanos rejeitam o seu governo, atingido por uma grave crise econômica, hiperinflação e criminalidade desenfreada. As filas são intermináveis por alimentos e produtos de primeira necessidade, enquanto os saques e as mortes violentas são comuns no país.

A tensão política aumentou quando Nicolás Maduro propôs a eleição de uma Assembleia Constituinte para 30 de julho, uma opção rejeitada pela oposição, que considera uma manobra para se manter no poder e está planejando um referendo em 16 de julho sobre a convocação desta Assembleia.

Maduro defende a Constituinte como uma maneira de recuperação econômica e para pacificar o país, cuja economia é altamente dependente de suas reservas de petróleo.

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O presidente também é criticado em seu próprio campo, à imagem da procuradora-geral Luisa Ortega, chavista que passou à contestação.

E os críticos se multiplicam, a exemplo da Igreja Católica venezuelana, tradicionalmente hostil ao poder chavista, que deu um passo adiante na sexta-feira, chamando o regime de “ditadura”.

Para Javier Cremades, a saída de Leopoldo López da prisão “indica como eles estão divididos e desesperados, uma demonstração de fraqueza de um regime que está contra a parede.”

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* AFP