Depois de cinco dias de combates contínuos, grupos armados sírios de oposição ao regime de Bashar al-Assad comemoraram nesta quarta-feira a expulsão dos integrantes do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (Eiil) de Aleppo, segunda maior cidade e capital econômica do país. O grupo derrotado, que proclama lealdade à Al-Qaeda, deixou para trás os corpos de vítimas de execuções.
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Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o Eiil retirou-se do bairro de Inzarate, onde ocupava o prédio dos correios e as instalações de um antigo hospital infantil. O grupo foi expulso por combatentes de diferentes brigadas islâmicas opostas ao movimento apoiado por governos árabes da Península Arábica.
Depois da tomada dos bastiões do Eiil, um vídeo foi divulgado com imagens de nove corpos de vítimas de execuções cometidas pelo movimento radical. Exibido pelos ativistas do grupo Shahba Press, o vídeo mostra os corpos de homens apenas com as roupas de baixo, com os olhos vendados e as mãos atadas, deitados em poças de sangue e com ferimentos na cabeça causados por tiros.
Um dos militantes do Shahba, procurado pela AFP, afirmou que dezenas de prisioneiros foram libertados na retomada do antigo hospital infantil, “mas dezenas de outros foram executados na segunda e na terça-feira pelo Eiil no momento do ataque ao seu quartel-general (o hospital infantil) em Aleppo”.
– Esses atos confirmam o que nós já tínhamos dito: o Eiil comete crimes de guerra, crimes contra a humanidade e age em contradição com o que dizia quando afirmava que tinha vindo para ajudar o povo sírio. O povo sírio queria se livrar de uma ditadura pela democracia, e não com uma nova ditadura que veste roupas islâmicas. Nós condenamos também as execuções de membros do Eiil. O OSDH vai continuar a registrar todos os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade praticados contra quem quer que seja, porque os direitos humanos são unos e indivisíveis – afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
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Uma das principais frentes de batalha na guerra síria há quase três anos, Aleppo está dividida desde o verão de 2012 entre setores rebeldes e zonas controladas pelo regime. Na terça-feira, o porta-voz do Eiil, Abu Mohamed al-Adnani, pediu que os combatentes do grupo na Síria “aniquilem totalmente (os demais rebeldes) e acabem com a conspiração em seu nascimento”. Na mensagem de áudio aos rebeldes, Adnani afirmou:
– Nenhum de vocês sobreviverá e faremos de vocês um exemplo para todos os que pensam em seguir o mesmo caminho.
Representantes de potências e rebeldes se reúnem domingo
Desde sexta-feira passada foram travados combates entre três coalizões de rebeldes e o Eiil, grupo originário do Iraque e que, até bem pouco tempo, era aliado dos rebeldes contra o regime. No total, cerca de cem pessoas morreram vítimas dos recentes episódios de violência em Aleppo, incluindo por volta de 50 civis.
– Conscientes do fracasso, eles lutam entre si e esta batalha é um dos aspectos do conflito que opõe as diferentes potências que apoiam esses grupos, como Turquia, Catar e Arábia Saudita – indicou uma fonte dos serviços de segurança sírios à AFP.
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No campo diplomático, os ministros das Relações Exteriores do Grupo de Onze Países Amigos da Síria se reunirão no domingo em Paris com delegados de oposição para discutir a paz.