A Coalizão Nacional Síria declarou nesta quarta-feira que qualquer solução política ao conflito deve começar com a saída do presidente Bashar al-Assad, rejeitando assim indiretamente o chamado de russos e americanos ao diálogo para colocar fim ao conflito.

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“A Coalizão Nacional dá boas-vindas a todos os esforços internacionais que convoquem uma solução política para cumprir as aspirações do povo sírio e sua esperança de um Estado democrático, desde que eles comecem com a saída de Bashar al-Assad e de seu regime”, declarou o grupo.

Esta reação desafia a iniciativa de Estados Unidos e Rússia, baseada no acordo de Genebra – concluído em 30 de junho de 2012 pelas grandes potências, mas nunca aplicado -, que prevê uma transição na Síria, sem se pronunciar sobre o destino do presidente Assad.

A oposição insiste há tempos no fato de que al-Assad deve deixar o poder antes de qualquer diálogo que tenha por objetivo uma solução política.

Pouco tempo antes, o emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, havia afirmado que o acordo entre Rússia e Estados Unidos para incentivar o diálogo entre o governo e os rebeldes era “um primeiro passo” e a “primeira notícia de esperança em muito tempo”.

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“É a primeira notícia promissora em muito tempo para um país infeliz. As declarações em Moscou constituem um primeiro passo considerável. No entanto, é apenas um primeiro passado”, declarou Brahimi em um comunicado.

“Também é importante que o conjunto da região se mobilize para apoiar este processo”.

O regime sírio, que afirma que o destino do chefe de Estado será decidido durante as eleições presidenciais previstas para 2014, ainda não reagiu ao anúncio feito em Moscou.

Rússia e Estados Unidos chegaram a um acordo nesta terça-feira em Moscou para incentivar o regime sírio e os rebeldes a encontrar uma solução política ao conflito e a promover a realização de uma conferência internacional sobre a Síria.

O pedido de Moscou e Washington foi feito após uma visita à Rússia do secretário de Estado americano, John Kerry, que se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin e com o chanceler russo Serguei Lavrov.

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“Acreditamos que o comunicado de Genebra é o caminho a seguir para pôr fim ao derramamento de sangue na Síria”, declarou Kerry após a reunião.

“Chegamos a um acordo de que Rússia e Estados Unidos devem pedir que o governo sírio e os grupos de oposição encontrem uma solução política” para o conflito, declarou, por sua vez, Serguei Lavrov.

Lavrov reafirmou que a saída de Assad –exigida pelos ocidentais– não deve ser uma condição prévia para as negociações de paz, insistindo ao mesmo tempo que a Rússia não o estimula a permanecer no poder.