*Por José Marques

A celebração do primeiro Dia do Trabalho no governo do presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (1º), juntou no mesmo palanque PT, PSOL e o Solidariedade do deputado Paulinho da Força, um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Continua depois da publicidade

Com a pauta de que as centrais sindicais precisam se unir contra a reforma da Previdência, o ato em São Paulo virou um desagravo contra o governo federal, com gritos e bandeiras de "fora Bolsonaro" no público. Apesar do discurso de união, os políticos divergiram a respeito de como a oposição deve lidar em relação ao presidente da República.

Antes do evento, Paulinho da Força, que representa a Força Sindical, afirmou, inclusive, "acha boa" a possibilidade de queda do presidente pelos militares:

— Eu particularmente acho que ele não chega ao final do ano. Porque governo que não tem político, não tem projeto e todo dia fala ou faz uma besteira, acho que os próprios militares vão chegar à conclusão que não dá para aguentar um sujeito desses — disse o político do Solidariedade.

Continua depois da publicidade

A possibilidade de pedir impeachment, no entanto, foi refutada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato derrotado por Bolsonaro ao Planalto nas eleições de 2018.

— Isso aí (impeachment) a gente tem que ter muito cuidado, porque a Constituição estabelece que impeachment tem que ter crime de responsabilidade. Isso não pode ser palavra de ordem ao léu. Nós temos que ser estritamente fiéis à Constituição. Se a gente quer um estado democrático de direito, temos que ter a dignidade de fazer uma oposição ao governo que melhore as condições de vida da população — afirmou.

Haddad diz que a aliança com antigos adversários acontece porque há no país "uma situação aguda de crise nacional" e é necessária a união de forças.

Outro presidenciável derrotado ano passado, Guilherme Boulos (PSOL) cobrou a presença do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na eleição presidencial, no evento.

Continua depois da publicidade

— Acho que o Ciro deveria estar aqui. Pena que ele não pode vir — disse.

O PDT foi representado pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, para quem a união das legendas seria "a maldição dos pobres".

O próprio Paulinho da Força não discursou. Quando sua presença foi anunciada, houve vaias por parte de representantes CUT, entidade ligada ao PT, partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR).

A prefeitura de São Paulo foi copatrocinadora do ato, mas o prefeito Bruno Covas (PSDB) não compareceu. Pela primeira vez na história, as principais centrais do país celebram a data em ato unificado. As entidades organizam uma greve programada para 14 de junho.

Segundo a organização, compareceram 200 mil pessoas no ato até o início da tarde, quando começavam os shows. Não houve estimativa da Polícia Militar.

Continua depois da publicidade

Apesar de terem promovido pela primeira vez um ato único para celebrar o 1° de maio, líderes das centrais sindicais tiveram seus discursos vaiados durante a festa, realizada no vale do Anhangabaú, em São Paulo.

As falas no palco foram feitas antes dos shows musicais programados para o ato, e duraram cerca de uma hora e meia. Presidentes de Força Sindical, UGT, Intersindical e CTB foram vaiados por simpatizantes de outras centrais. A maioria deles defendeu uma greve geral programada para 14 de junho.