Enquanto a oposição síria exige armas e uma reunião com a ONU para impedir um massacre, os combates foram retomados neste domingo em Aleppo, a segunda maior, onde os rebeldes que lutam contra o regime de Bashar al-Assad permanecem entrincheirados em alguns bairros.
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Os bombardeios obrigaram milhares de habitantes de Aleppo a fugir em busca de refúgio em regiões da cidade poupadas pelos combates ou em cidades controladas pela rebelião. O mediador internacional para a Síria, Kofi Annan, afirmou que teme “a concentração de tropas e armas pesadas nos arredores de Aleppo”, fazendo um apelo para que as partes envolvidas no conflito trabalhem para uma solução política para o conflito sangrento no país.
Em visita a Teerã, um dos poucos aliados de Damasco, o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem, assegurou que os rebeldes serão, “sem dúvida, derrotados” pelo exército sírio e acusou “o Qatar, a Arábia Saudita, a Turquia e os países estrangeiros” de apoiarem os insurgentes, fornecendo armas.
Após uma pausa nos combates na tarde de sábado, os confrontos recomeçaram em Aleppo, onde os rebeldes resistem às ofensivas do exército apoiado por helicópteros. Tanques de guerra tentaram atacar novamente o bairro de Salaheddine, reduto rebelde, mas foram expulsos pelo Exército Sírio Livre (ESL), formado por desertores e civis armados, declarou Abou Hicham al-Halabi, um militante contactado via Skype.
Outro rebelde, Abou Alaa, indicou que os combates se concentram em Salaheddine, mas que os “confrontos também prosseguem em Bab al-Hadid e em Bab al-Nasr”, perto de Aleppo, considerada patrimônio mundial da Humanidade pela Unesco.
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Explosões foram ouvidas em outros bairros, enquanto aviões sobrevoavam a cidade, cujo controle é crucial para ambos os lados, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). O chefe do conselho militar rebelde de Aleppo pediu ao Ocidente a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o norte da Síria e acusou o regime de preparar “um massacre” nesta cidade.
– Nós pedimos ao Ocidente apenas uma zona de exclusão aérea (…) estamos prontos para derrubar o regime – afirmou o coronel Abdel Jabbar al-Oqaidi em uma entrevista com a AFP.
O coronel Oqaidi indicou que o exército “tenta atacar Salaheddine com tanques, mas o ESL resiste e lhes causou perdas substanciais”.
A frente de Aleppo foi aberta em 20 de julho e o Exército iniciou a ofensiva depois de receber reforços.
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No sábado, Abdel Baset Sayda, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, pediu aos países “irmãos” e “amigos” que forneçam armas aos membros do ESL, que combatem com velhas armas.
“Queremos armas que permitam deter os tanques e os aviões de combate”, acrescentou Sayda.
Em um comunicado deste domingo, o CNS pediu uma reunião “de emergência” com o Conselho de Segurança da ONU para impedir o massacre de civis que o regime está prestes a cometer em Aleppo. Ele também exige “uma zona de exclusão aérea e a instauração de zonas de segurança para os cerca de dois milhões de refugiados”.
Já o papa Bento XVI lançou um apelo pelo fim imediato do derramamento de sangue na Síria, pedindo à comunidade internacional que faça tudo para ajudar a solucionar o conflito. Mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da contestação, incluindo 14 mil civis, segundo o OSDH.
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