A oposição na Câmara sugeriu, na manhã desta quinta-feira, convocar o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, para explicar o conteúdo da delação premiada do ex-líder do governo Delcídio do Amaral. A proposta veio do líder do PPS, Rubens Bueno (PR), que deve apresentar o requerimento ainda nesta quinta para que o ministro vá ao plenário principal da Casa.
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O vazamento da delação premiada do senador tumultuou a sessão matutina da Câmara. Oposicionistas defenderam a renúncia da presidente Dilma Rousseff e reiteraram a disposição de trabalhar pelo impeachment da petista e pela ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa presidencial.
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— O que é que sustenta mais esse governo? O país está à deriva — indagou Bueno, numa referência à crise econômica. — Ela não pode continuar como se nada tivesse acontecendo — insistiu o líder.
Além da convocação de Cardozo, o deputado sugeriu que o desembargador Marcelo Navarro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também venha à Casa, seja via convite ou convocação, para dar sua versão dos fatos denunciados por Delcídio. Segundo a revista Istoé, Delcídio teria acusado a presidente Dilma de atuar para interferir na Operação Lava-Jato por meio do Judiciário. Uma das investidas passava pela nomeação de Navarro ao STJ.
Um dos vice-líderes do governo na Câmara, Silvio Costa (PSC-PE), disse que Cardozo não negaria comparecer ao parlamento.
— Não precisa nem convocar. Se existe alguém sério neste país é o ministro — respondeu.
Prisão
Além dos ataques à presidente Dilma, a oposição concluiu que a gravidade da delação atinge diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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— Não tem outro caminho para ele (Lula) a não ser a prisão — pregou Bueno.
O ex-presidente também teria sido citado na delação de Delcídio.
Os governistas fizeram discursos no plenário chamando o conteúdo da delação de “mentiroso” e acusando a oposição de praticar “selvageria” política e de ter “ética seletiva”.
— Vamos parar com as acusações rasteiras — apelou o vice-líder do PT, deputado Wadih Damous (RJ).
— Essa oposição não tem qualificação ética e moral para agredir ninguém — declarou Silvio Costa.
O vice-líder do governo disse duvidar que Dilma tenha participado de “negociata”.
— Duvido que a presidente Dilma, uma mulher que aguentou tortura física, tenha conversado com Delcídio algum assunto não republicano — afirmou.
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*Estadão Conteúdo