Exclusão da escola e na escola. É assim que o educador e professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Lourival José Martins Filho define o processo que leva ao abandono escolar. Para ele, o estudante é excluído porque não tem condições mínimas, como moradia e alimentação adequadas, o que faz com que muitos ajudem os pais na subsistência da família.

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Além disso, o aluno também acaba sendo excluído na escola, quando ela apresenta currículos e atividades desinteressantes e desvinculados da vida da criança e do adolescente. Há ainda a questão da falta de estrutura física e humana.

Quando este aluno chega ao ensino médio, que tem a maior taxa de abandono do Estado (6,9%), o especialista explica que é percebida mais rapidamente a existência de outros atrativos longe da escola, como as drogas, o furto e o roubo.

– Eles são ocasionados pela desigualdade social e proporcionam dinheiro de forma mais imediata do que o conhecimento gerado pela escola. Cresce no Brasil a ideia que não vale a pena estudar, pois muitas oportunidades não surgem com o estudo – ressalta Martins Filho.

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Para Martins Filho, o abandono escolar gera no estudante um sentimento de impotência e perda de autoestima, porque a criança e o adolescente tomam para si a responsabilidade pelo fracasso.

Resgatar estes alunos ou evitar que eles deixem a sala de aula não pode ser responsabilidade apenas da escola e dos professores, mas de toda a sociedade, seja investindo mais em profissionais da educação, instalações escolares ou mudanças nos currículos da educação básica para ajudar na tarefa.