*Por João Victor da Silva
Nosso país, nosso estado e nossa cidade estão paralisados há quase um mês. A sociedade não tem nenhuma perspectiva de volta à normalidade. Nossas autoridades não possuem um plano para reduzir a devastação econômica e social promovida pelo vírus. Grande parte dos governadores e prefeitos recorre ao “fecha tudo” como solução para o problema. Afinal de contas, é fácil escolher esta opção. Se o número de casos e mortes cair, eles atribuirão o sucesso às suas medidas. Caso o contrário ocorra, eles dirão: imagine se não fossem as medidas restritivas?
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Se os governos estaduais e municipais quebrarem, responsabilizarão o governo federal pela falta de apoio. Os governadores e prefeitos ganham em qualquer situação. Em última análise, parte dos prefeitos e governadores só está preocupada com a popularidade momentânea. Virtudes como a responsabilidade e o equilíbrio foram esquecidas. Porém, estas ideias precisam ser centrais nas decisões de nossos governantes.
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A falta de equilíbrio e prudência de prefeitos e governadores tem levado à cassação de direitos naturais e constitucionais, mesmo sem base legal. Estamos sendo fiscalizados sem autorização judicial e impedidos de se locomover livremente. A propriedade privada está sendo relativizada e nossa liberdade de expressão e religiosa está sendo restringida.
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As medidas restritivas são seletivas e se mostram ineficazes. Aliás, nenhum estudo científico comprova a eficácia das “quarentenas em massa”. A incerteza paira na sociedade. Não existe nenhum plano sanitário e econômico por parte dos governos estaduais e municipais. A única certeza que temos é o desemprego e o caos social que virão com a paralisação da atividade econômica.
Não pensem que estou menosprezando os perigos que o vírus está trazendo para nossa sociedade. Milhares de irmãos brasileiros faleceram em decorrência do vírus. Contudo, as medidas restritivas não parecem solucionar o problema. Em Santa Catarina, o governo não conseguiu expandir a estrutura hospitalar, que seria a principal medida para preservar vidas.
O que peço à sociedade é cobrar das autoridades responsabilidade, equilíbrio e transparência. A política não pode estar acima da vida. A política não pode estar acima da liberdade. A política não pode estar acima da complexa interação entre economia, vida e sociedade.
A verdade é que, com o intuito de salvar vidas, estamos parando de viver. Shakespeare, em Hamlet, já dizia “ser ou não ser, eis a questão”. Parece-me que esta é a grande questão do momento.
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* João Victor da Silva é estudante de Economia e Relações Internacionais da Universidade de Boston
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