A guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão do exército russo, vai entrando na terceira semana. E, em meio a bravatas de governos, manobras políticas e movimentações na economia, uma coisa não pode ser feita: normalizar a tragédia humana. Não podemos nos acostumar com explosões, mutilações, mortos e refugiados.
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As cenas dantescas de um hospital em ruínas, seguidas de corpos na rua, são um alerta de que o pior da humanidade está vivo. A guerra de informações mascara a real natureza do fato: se foi Rússia ou Ucrânia quem disparou as bombas, nada disso teria acontecido se não houvesse a “operação especial” – como o conflito é, obrigatoriamente, chamado em território russo.
As negociações de paz acontecem em solo de Belarus, na cidade de Gomel. Após as três primeiras rodadas, os presidentes russo e ucraniano sinalizam que há espaço para que a tragédia chegue ao fim. Putin admite que enviou jovens sem treinamento e que a Rússia não quer conquistar a Ucrânia. Zelenskyi já acena com a possibilidade de abrir mão dos territórios e da aspiração de se tornar membro da Otan.
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A metade da população da capital ucraniana, Kyiv, já deixou as casas, em direção ao Oeste do país, ainda com relativa segurança. Já são mais de 2 milhões de refugiados fugindo para países vizinhos, abandonando tudo o que têm, para tentar recomeçar e sobreviver. Outros milhões de ucranianos, muitos sem treinamento militar, prometem resistir até o fim à ocupação.
E é aqui, na resistência, que essa terceira semana de conflitos promete cobrar o preço. O “Ocidente” sofreu uma fissura nos últimos dias. A Polônia, que é membro da Otan, vizinha da Ucrânia e que recebeu a maioria esmagadora dos refugiados, cobra dos parceiros da aliança uma ajuda mais incisiva. Prometeu ajudar os ucranianos com caças modernos, mas foi censurada pelos aliados. Essa ajuda poderia significar uma declaração de guerra da Otan contra a Rússia. A Polônia, aliás, tem mágoas históricas contra os russos.
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A Rússia se tornou um pária internacional. Desplugada do sistema financeiro mundial, o país vê, dia após dia, mais e mais empresas deixando de operar no território russo. O cidadão médio, que muitas vezes é contrário ao governo de Pútin, e vive sob controle estrito da mídia, fica perdido: protestar contra o governo e ser sancionado, ficar calado, e ser sancionado, ou apoiar o governo, e também ser sancionado?
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A escalada da violência tende a continuar. Assim como o rigor das sanções econômicas. O saldo lamentável desse conflito indesejável é claro: Ucrânia e Rússia levarão décadas para se reconstruírem. Mas apenas um lado jamais esquecerá as milhares de vidas perdidas.
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