Neymar, Gabriel Medina, Lindsay Lohan, Jared Leto, Sharon Stone e quem mais vier, e virá. Santa Catarina é um paraíso, por isso não surpreende ser destino destes novos olimpianos, como o pensador Edgar Morin definiu a safra dos semi-deuses midiáticos da contemporaneidade.

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Estas entidades, sobre-humanas pela aura e circunstância que as envolvem, agora dividem areias, baladas e bobós de camarão conosco, pobres mortais (pobres mortais até que o estatuto da fama, pela razão que for, e são várias, nos transforme num deles, como ocorreu com Medina, que dropa na crista da onda celebrizante pelo título esportivo recém conquistado).

Celebridades nos interessam porque assim se tornam, assim por nós são transformadas, assim são. Suas histórias de vida e feitos que levem à fama nos tocam, mobilizam, arrebatam as nossas atenções. Poderíamos ser nós. Poderemos ser nós amanhã, quem sabe. Falar da vida e saber dos outros – seja um parente, um vizinho ou a Madonna – é humano, e principalmente se for sobre aqueles que se destacam na multidão, cujos rostos e vidas são mais conhecidos (e rendem mais assunto por isso, por essa pregnância e reconhecimento). Ler, ver, conversar sobre elas nos agrupa, reúne, nos põem em contato uns com os outros desde o mundo tribal. Elas nos retiram do isolamento, da solidão de viver.

Totens e suas simbologias, deuses mitológicos, reis, rainhas, a burguesia proeminente, estadistas, políticos, cantores, atrizes, personalidades do entretenimento ou não, ganhadores da mega-sena, aventureiros, empreendedores, psicopatas, a bunda da sua vizinha, o peitoral do seu cunhado, o cãozinho resgatado do penhasco, a celebridade é variada e acompanha o homem historicamente. Para o bem ou para o mal, são pontos de referência da sociedade, representam os seus valores, o que está na pauta do dia, da vida, para onde caminha a humanidade. E são também necessárias para o atravessamento das durezas da vida. Petrolão, mensalão e eteceterazão deveriam nos interessar mais? Sim… e não. Nem tanto ao escaldante inferno da corrupção, nem tanto à brisa da paradisíaca e estrelada Santa Catarina.

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É impossível atravessar a existência somente com foco em problemas. Precisamos de um escape. É o que nos salva. Por isso, pode não mudar a nossa vida saber que Neymar e Medina curtiram a “sunset party Fresh Tropical no Cafe de la Musique em Jurerê Internacional”, mas que ajuda a refrescar a nossa mente em meio à escaldante onda de decepções, isso ninguém pode negar. E tem sido necessário.