A partir desta quinta-feira, o diario.com.br adiantará o editorial que os jornais da RBS publicarão no domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados. Toda quinta-feira, um editorial novo.

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PESQUISAS SIM, MAS COM TRANSPARÊNCIA

A poucos dias do encerramento de mais um pleito eleitoral em nosso país, percebe-se que, mais uma vez, as pesquisas de intenção de voto tiveram e ainda estão tendo demasiado protagonismo na disputa política, suscitando reações de contrariedade de eleitores, candidatos e partidos. Em consequência, ganham força no Congresso as propostas de restrições, disciplinamento e até mesmo proibição de divulgação de pesquisas eleitorais, sob o pretexto de que tais levantamentos, nem sempre confiáveis, acabam influenciando o eleitorado. A quantidade de sondagens difundidas este ano – quase uma por dia – realmente deixa a impressão de que este importante instrumento de aferição da vontade popular está sendo vulgarizado. Mas é um equívoco tentar proibi-las, sonegando do público o direito de conhecer a tendência do eleitorado durante a campanha.

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O principal argumento dos opositores das pesquisas é questionável. Se a divulgação das intenções dos eleitores influenciasse tanto quanto alegam, não haveria as viradas que seguidamente ocorrem. Pelo contrário, um dos fatores de descrédito das sondagens é exatamente o fato de, inúmeras vezes, apontarem um resultado e serem contrariadas pelas urnas. Além disso, simplesmente proibir a publicação significaria proporcionar aos partidos e candidatos uma enorme vantagem, já que eles continuariam encomendando levantamentos aos institutos e fariam deles o uso que bem entendessem – sem que os eleitores pudessem ter as mesmas informações para comparar.

As pesquisas de intenção de voto, realizadas sob critérios científicos e de acordo com as normas do Tribunal Superior Eleitoral, são instrumentos importantes de informação de determinado momento eleitoral. Elas registram este momento como se fotografa uma multidão em movimento: no dia seguinte, ainda que seja mantido o mesmo cenário e o mesmo ângulo, a fotografia já poderá mostrar outras pessoas. O ser humano, felizmente, muda de pensamento e de vontade por conta do seu livre-arbítrio. Aí talvez esteja a melhor explicação para as diferenças entre pesquisas, inclusive daquelas que são feitas pelos mesmos institutos.

Defendemos a livre publicação de pesquisas eleitorais porque a informação sem tutelas é um direito do cidadão. Porém, considerando-se que outros aspectos do processo de escolha de governantes e parlamentares recebem regramento rigoroso, incluindo-se aí a propaganda partidária, as entrevistas aos meios eletrônicos e os debates, seria importante que o Congresso revisasse as regras atuais das sondagens e considerasse a necessidade de aperfeiçoamento.

O importante é que o público tenha a garantia de receber informações verdadeiras, plurais e responsáveis, compiladas e apresentadas com total transparência.

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