O diario.com.br adianta o editorial que os jornais do Grupo RBS publicarão no próximo domingo para que os leitores possam manifestar concordância ou discordância em relação aos argumentos apresentados.

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PROMESSAS E COBRANÇAS

Encerra-se neste domingo uma campanha eleitoral inédita na história republicana do país, com a disputa entre dois candidatos comprometidos com a democracia, com a estabilidade econômica, com o desenvolvimento e com os avanços sociais, mas enredados em promessas de difícil – senão impossível – execução. Na tentativa de conquistar a simpatia e o apoio de setores específicos do eleitorado, Dilma Rousseff e José Serra exageraram na dose. Prometeram mais do que o novo presidente, seja qual for, poderá realizar em quatro anos de administração. Basta uma conferida séria na lista de obras e benefícios alinhados pelos dois candidatos para se constatar que o país não terá recursos e condições para executá-los integralmente.

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Em vista disso, surge a primeira grande questão para o eleitor que neste domingo exercerá o seu direito de escolher o próximo presidente da República: promessa é dívida a ser cobrada, ou os excessos devem ser relevados por conta do emocionalismo da disputa? Entendemos que as promessas indevidas não devem ser cobradas, até mesmo porque a tentativa de cumpri-las poderia causar mais danos do que ganhos à população. Mas devem ser criticadas. E seus autores devem, no mínimo, dar explicações convincentes aos eleitores que possam ter sido enganados pela criação de uma expectativa impossível.

Porém, as promessas factíveis precisam, sim, ser cobradas pelos cidadãos ao eleito, sempre por meio dos mecanismos de pressão que fazem parte do arsenal democrático. O voto é o instrumento mais visível, mas não é o único. Depois da eleição, os cidadãos podem utilizar os meios de comunicação e os novos caminhos tecnológicos de acesso aos governantes para exigir que obras, serviços e benefícios sejam efetivamente concretizados. Mais: podem e devem apelar a seus representantes parlamentares para que intercedam pelas causas em andamento, pela proposição de emendas e projetos que complementem ou substituam as iniciativas do Executivo.

Compete também aos cidadãos participar de organizações com poder de pressão junto a governantes e representantes parlamentares, sejam elas sindicatos, ONGs ou associações setoriais. Cabe-lhes, ainda, acionar as instituições criadas exatamente para defender os direitos dos cidadãos, como os tribunais fiscalizadores, o Ministério Público e o próprio Poder Judiciário, quando for o caso. São muitos os mecanismos de acionamento da democracia – e os brasileiros precisam aprender a utilizá-los plenamente.

A informação é um deles. É importante que as pessoas acompanhem os noticiários, com atenção e critério, para saber como seus representantes estão se comportando no exercício de seus cargos e mandatos. Todo cidadão deve fazer o máximo de esforço para entender o funcionamento da administração pública a fim de que possa avaliar melhor o resultado seu voto, até para decidir no futuro se os políticos escolhidos continuarão a merecê-lo.

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O eleitor consciente votará neste domingo com um olho na urna e outro no promessômetro – que é o neologismo bem-humorado criado pela mídia para listar tanto os projetos viáveis quanto os absurdos cometidos no calor da disputa eleitoral.