Arena Pernambuco, São Lourenço da Mata. Passava das 11h quando José Francisco Gomes, 62 anos, deu uma pequena pausa no trabalho para contar sua história. O operador de tratamento de água do novo estádio não tem tempo para jogar conversa fora: às vésperas da Copa das Confederações, a obra, que será inaugurada no próximo dia 14, não pode parar.
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Seu Dedé é um entre os 4,6 mil funcionários efetivos da Arena. Nasceu num pequeno sítio na cidade de Vitória de Santo Antão, a 51 quilômetros do Recife. Seu pai, agricultor, faleceu quando tinha 13 anos. Desde então, passou a cuidar da família:
– Entre sete, sou o único homem. Precisei esperar minhas irmãs se casarem para depois cuidar de mim.
Trabalhou com um pouco de tudo: em fábrica de tecidos e bebida, como operador de guincho e cuidando de uma fazenda. Quando deixou o campo para morar no Recife, casou-se duas vezes e teve nove filhos. Sonha em levá-los, todos juntos, a um jogo na Arena que constrói. Há dois anos, foi contratado para serviços gerais, mas passou para o tratamento de água usando sua principal arma: a disposição em aprender. E aprendeu:
– Limpo a água, boto sulfato de alumínio, barrilha, um tal de polímero para clarear e, por último, cloro para matar os micróbios.
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O trabalho na construção do estádio, agora, ajuda em outra obra: sua casa, na zona rural da Grande Recife. Vai ficar pronta depois da Arena. E, aí, ele voltará ao campo, seu chão.