No dia 1º de julho de 2019, um cadáver foi encontrado boiando nas margens do rio Caveiras, em Lages, quase no limite com o município de Capão Alto. O homem foi identificado rapidamente, pois tinha várias passagens pela polícia. Era Eick Fernando Rodrigues de Campos, de 25 anos, natural de Lages.
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Logo após o ocorrido surgiu um vídeo no qual ele confessava um delito, e a sequência das investigações levou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) a denunciar o operador de máquinas responsável pela filmagem e três policiais militares por homicídio.
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A Promotora de Justiça que atua no caso, Rafaela Póvoas Cardozo Lehmann, explica que dias antes de ser encontrado morto, o homem foi preso em flagrante por furto no bairro Vila Nova, mas em vez de ser conduzido para a delegacia, ele foi levado pelos policiais até a casa do operador de máquinas e informações falsas foram inseridas no sistema de ocorrências para que todos pensassem que ele tinha conseguido fugir.
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De acordo com ainda com as investigações, o homem foi agredido, torturado e assassinado no quintal da residência. O corpo foi descartado na chamada “ponte velha”, no bairro Santa Clara, e resgatado pelo Corpo de Bombeiros. A perícia concluiu que a morte ocorreu por traumatismo cranioencefálico.
Segundo o delegado Sérgio Roberto de Sousa, responsável pelo caso na época, os agressores atuavam como justiceiros e não aceitavam o fato de o homem nunca permanecer preso. Ele tinha antecedentes criminais por furto e roubo.
Após concluídas as investigações, em 19 de setembro de 2019, a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Lages ofereceu denúncia contra o operador de máquinas e os três policiais militares, decretando a prisão preventiva dos réus no dia seguinte, mas até hoje eles aguardam o desenrolar do processo em liberdade.
Agora, quase cinco anos depois, todos foram pronunciados pela Justiça e enfrentarão o Tribunal do Júri em data a ser marcada. A promotora explica que os quatro são acusados de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
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— As qualificadoras citadas na denúncia são o motivo torpe (vingança), o recurso que dificultou a defesa da vítima (superioridade numérica) e o meio cruel (sofrimento). Uma policial militar responde, ainda, por peculato digital, que é a inserção de dados falsos em sistemas de informações — afirma a promotora.
— Não se pode fazer justiça com as próprias mãos. Ninguém tem carta branca para matar outra pessoa por não gostar do seu histórico. Todos têm direito a um julgamento justo e proporcional aos atos cometidos, com base na lei, e quem ignora isso sujeita-se a enfrentar as consequências — conclui a promotora.