Na tentativa de combater a criminalidade, policiais mataram, em média, cinco pessoas por dia em todo país, em 2012. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que não consolidou os dados de 2013.
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O sociólogo Luís Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, do qual foi extraído o dado de que, a cada dia, cinco pessoas são mortas pela polícia, considera que o policial brasileiro mata muito. Em comparação com os EUA, o número é 4,6 vezes superior.
– Parte deste grave fenômeno se explica pela cultura policial que valoriza a ação violenta do agente da lei, independentemente da preservação da integridade física. Na prática, o policial ignora o que aprendeu na academia. Utiliza a arma de fogo a qualquer preço e não distingue quem é ou não criminoso – afirma Sapori.
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Para o professor, existem duas maneiras de lidar com o problema: aumentar o rigor na punição da conduta dos policiais e investir massivamente na capacidade técnica, inclusive do efetivo na rua.
– Eles precisam entender que têm alternativas, que não precisa matar o oponente para garantir a própria segurança e da população. Um policial americano pensa 10 vezes antes de matar, ele sabe que o custo profissional para ele é muito grande. É isso que o policial tem de perceber – comenta Sapori.
Além de questão envolvendo a formação, o sociólogo Rodrigo Azevedo, pós-doutor em Criminologia e coordenador do Pós-graduação em Ciências Sociais da PUCRS, alerta para um desejo da população de que os bandidos sejam punidos. Essa aprovação da violência contra supostos criminosos traz mais liberdade para a ação policial. Na opinião de Azevedo, há problemas na estrutura das polícias brasileiras e o fato de uma delas ser militar dificultaria a implementação de políticas de policiamento comunitário.
– Temos a militar, que faz o policiamento ostensivo, e a civil que faz toda investigação. Esse modelo é exclusivamente brasileiro e está superado. Gera uma desconexão no trabalho das polícias e um conflito de competências – defende.
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Embora os dados consolidados de 2013 sejam liberados apenas no final deste ano, o Rio de Janeiro tem o índice mais alto de pessoas mortas em confronto com as polícias civis e militares em 2013, com 416 casos.