Ao menos sete prefeitos foram presos nas três fases da Operação Mensageiro, que apura a suspeita de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta e destinação de lixo em diversas regiões de Santa Catarina. A última prisão ocorreu nesta terça-feira (14): o ex-deputado estadual e prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli (PP), foi detido em casa no início da manhã.

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Além dele, o vice, Caio Tokarski (União Brasil), também foi preso preventivamente. Ao menos sete mandados de busca e apreensão são cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e o Grupo Anti-Corrupção do Ministério Público (Geac).

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A investigação do “escândalo do lixo” teve início a pouco mais de um ano e é coordenada pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC.

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A primeira fase ocorreu em 6 de dezembro do ano passado, quando foram cumpridos 15 mandados de prisão preventiva e 108 mandados de busca e apreensão. Nesta etapa, quatro prefeitos foram presos: Deyvisonn Souza (MDB), de Pescaria Brava, Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva, Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul e Marlon Neuber (PL), de Itapoá. Ainda foram apreendidos R$ 1,3 milhão em espécie e foi determinado o bloqueio de mais R$ 280 milhões dos investigados.

Já a segunda etapa ocorreu em 2 de fevereiro, onde foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão. Entre os presos, estavam os prefeitos de Lages, Antônio Ceron (PSD), e de Capivari de Baixo, Vicente Corrêa Costa (PL).

Até esta terça-feira, todos os prefeitos seguiam presos preventivamente. Como o processo segue em sigilo, não foram divulgadas informações sobre a participação de cada prefeito na ação.

Segundo o MP, as ordens judiciais expedidas pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) tiveram como base depoimentos de testemunhas, investigados e das provas coletadas na primeira fase, que ocorreu em dezembro do ano passado.

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Ao todo até agora já foram cumpridos 121 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de prisão.

Confira quem são os prefeitos presos:

Prefeito Deyvisonn Souza (MDB) foi preso durante a operação
Prefeito Deyvisonn Souza (MDB) foi preso durante a operação

Deyvisonn Souza (MDB), prefeito de Pescaria Brava

Deyvisonn Souza é prefeito em segundo mandato de Pescaria Brava, no Sul do Estado, e foi um dos três prefeitos detidos na primeira fase da Operação Mensageiro, deflagrada em 6 de dezembro de 2022. Foi preso durante uma agenda oficial em Brasília (DF). Como o processo está sob sigilo, não há detalhes das acusações individuais contra cada prefeito.

De acordo com a promotoria, ele segue detido. A defesa informou que não pode passar mais informações sobre o caso.

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Prefeito de Papanduva também foi preso na operação – (Foto: Divulgação)

Luiz Henrique Saliba (PP), prefeito de Papanduva

Luiz Henrique Saliba é médico e tem 62 anos. Já tinha sido prefeito da cidade, entre 2009 e 2012. Depois, foi eleito novamente prefeito em 2016 e reeleito em 2020. Também foi detido na primeira fase da operação e segue preso.

À reportagem, o advogado de defesa do prefeito, Manolo del Omo, informou que vai entrar com um pedido de revogação da prisão preventiva junto ao TJ nos próximos dias. Segundo ele, a denúncia do MP não apresentou elementos que justificassem a manutenção da prisão de Saliba. Ele, no entanto, não deu mais detalhes a respeito do documento.

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Antônio Rodrigues (PP), prefeito de Balneário Barra do Sul

Antônio Rodrigues tem 60 anos, é formado em Economia e pós-graduado em Engenharia de Produção. Foi prefeito de Balneário Barra do Sul em 2008. Retornou ao comando do município nas eleições de 2020. Foi o terceiro prefeito detido na primeira fase da operação, deflagrada em 6 de dezembro.

A reportagem procurou a defesa do prefeito, mas não teve retorno até a publicação.

Marlon Neuber foi o quarto prefeito preso durante a operação – (Foto: Redes sociais/Reprodução)

Marlon Neuber (PL), prefeito de Itapoá

Marlon Neuber tem 43 anos e é prefeito em segundo mandato em Itapoá. Foi preso três dias após a deflagração da primeira fase da operação Mensageiro, quando voltava de férias no exterior, em que visitou a Terra Santa. A prisão ocorreu no aeroporto de Curitiba (PR). Desde dezembro, o vice Jeferson Garcia responde interinamente pelo comando da prefeitura.

À reportagem, o advogado de defesa do prefeito, Marcelo Pelegrino, ele só irá se manifestar perante o Poder Judiciário, “no momento oportuno, para dar todos os esclarecimentos”.

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Antônio Ceron foi preso na última semana
Antônio Ceron foi preso na Operação Mensageiro – (Fotos: Redes sociais/Divulgação)

Antônio Ceron (PSD), prefeito de Lages

Antônio Ceron tem 77 anos, é técnico em Contabilidade e empresário. Nome conhecido da política catarinense, já foi secretário de Estado da Casa Civil durante o governo de Raimundo Colombo, entre 2011 e 2012, e secretário de Agricultura na gestão de Luiz Henrique da Silveira, de 2007 a 2010. Também foi deputado estadual em três legislaturas. Atualmente está no segundo mandato como prefeito de Lages.

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Em nota nas redes sociais, no dia da prisão, Ceron afirmou que tem “77 anos de conduta ilibada, e, dentro do devido processo legal, provarei a minha inocência”. À reportagem, o advogado de defesa Maurício Miguel informou que, por orientação jurídica, não irá se manifestar sobre o caso.

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Vicente Corrêa Costa (PL), prefeito de Capivari de Baixo

Vicente Corrêa Costa tem 38 anos e é médico-pediatra. Atuou como gerente regional de Saúde e foi eleito prefeito pela primeira vez em 2020. Ele também está entre os detidos da segunda fase da operação, cumprida em 2 de fevereiro e segue preso.

À reportagem, a defesa do prefeito disse que não pode repassar detalhes e que a inocência dele diante dos fatos apurados vai ser provada ao longo do processo.

Ponticelli foi preso durante a Operação Mensageiro nesta terça-feira (14) – (Foto: Tiago Ghizoni/NSC)

Joares Ponticelli (PP), prefeito de Tubarão

Joares Ponticelli (PP) tem 58 anos e é prefeito reeleito de Tubarão. Também foi quatro vezes eleito deputado estadual, onde em presidiu a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) em 2013, ano que, interinamente, assumiu o governo estadual entre 8 e 17 de novembro de 2013, na ausência do, então, Governador Raimundo Colombo, e do Vice-Governador Eduardo Pinho Moreira.

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Ponticelli foi, ainda, presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam). O vice dele, Caio Tokarski (União Brasil), também foi detido na operação desta terça-feira.

Em nota, a prefeitura do município disse que os dois “não foram informados oficialmente o motivo pelo qual foram conduzidos”. Com as prisões, a prefeitura de Tubarão será comandada pelo presidente da Câmara de Vereadores, Gelson Bento (PP). Ele assumiu a presidência da mesa diretora no dia 6 de fevereiro.

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