Traçada como uma das frentes para combater a facção autora dos 114 ataques em Santa Catarina, a Operação Divisas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) segue por tempo indeterminado.

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Apesar do esforço do efetivo, que recebeu reforço, a iniciativa não garantiu a apreensão de grandes quantidades de drogas, principal meio financiador do crime organizado e foco de enfrentamento da operação.

O maior volume de entorpecentes localizado nas estradas de SC foram 25 quilos de maconha, apreendidos nesta semana.

O efetivo da PRF é insuficiente para operar em todas as estradas pelo maior tempo possível. No Estado, são 500 agentes, cerca de 25% do ideal para cobrir os 2,3 mil quilômetros da malha rodoviária federal catarinense, a segunda maior, atrás apenas de MG. No país, que tem 62 mil quilômetros de rodovias, são 9 mil homens, metade do necessário.

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De acordo com o chefe da Comunicação da PRF/SC, inspetor Luiz Graziano, o efetivo catarinense consegue combater entre 5% e 10% do tráfico de drogas.

A defasagem deve diminuir com um concurso nacional previsto ainda para este primeiro semestre. A estimativa é de mil vagas para todo o país. Em SC, a PRF solicitou o preenchimento de cem postos.

Outra explicação para o resultado da Operação Divisas é de que os criminosos, sabendo da iniciativa, preferiram dar uma trégua para evitar confronto com a polícia.

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Armas e prisões sem relação direta com o principal foco

O saldo de apreensões e prisões, entre 16 de fevereiro e 7 de março, não representa resultado significativo contra o narcotráfico.

Foram apreendidas 18 armas, entre revólveres, pistolas, espingarda e escopeta (de caça) e 310 munições. Além disso, foram apreendidos 25 veículos com registro de roubo e furto, 2.750 comprimidos de remédios proibidos e mais de 140 mil maços de cigarro contrabandeados.

O total de prisões é de 213 pessoas envolvidas em contrabando, descaminho (crime contra a ordem tributária), documentos falsos, porte ilegal de armas e drogas, além de mandados de prisão em aberto.

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Para ajudar nas apreensões, a PRF tem utilizado um scanner de R$ 2,5 milhões. A câmera faz um raio-x em veículos e mostra drogas, armas e até pessoas escondidas nas carrocerias de caminhões.

Cargas localizadas

Na Operação Divisas, duas cargas de drogas foram apreendidas. Ambas acabaram localizadas na principal entrada de drogas e armas de SC: a BR-163, na região de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste.

A cidade faz fronteira com a Argentina e divisa com o Paraná, por onde chega o material ilícito vindo do Paraguai, via Foz do Iguaçu.

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A maior apreensão feita pela PRF ocorreu nesta quinta-feira, por volta da 0h15min. Uma mulher de 22 anos e uma adolescente de 16 levavam 25 quilos de maconha em um ônibus de linha.

A primeira carga apreendida foi em 28 de fevereiro. Também num ônibus, um homem de 22 anos foi preso às 22h30min com 15 quilos de maconha.

As duas cargas correspondem à média do que geralmente é apreendido de maconha em operações da PRF em SC: de 20 a 30 quilos de droga.

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Sempre transportada por pessoas chamadas de mulas, que muitas vezes nem conhecem quem entregou nem para quem vão entregar o entorpecente.

Cocaína também em pequena quantidade

A cocaína também não entra em grandes quantidades. O comum no Estado é o transporte médio de cinco quilos. O maior ingresso do pó no Brasil se dá por Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai. Lá, a média alcançada pela PRF por apreensão é de 30 quilos.

– Os traficantes transportam pouca droga para não perder grandes carregamentos. A carga é muito valiosa – disse o inspetor Graziano.

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Na primeira etapa da operação, foram montadas nove barreiras fixas nas divisas com o PR e RS e fronteira com a Argentina, nas rodovias federais, e oito nas estaduais. Portos e aeroportos também foram fiscalizados.

A PRF catarinense trabalhou com 24 grupos táticos todas as noites no Estado. Aos 500 agentes de SC se somaram 160 de outros estados.

Nesta segunda etapa, a PRF faz operações volantes com 15 grupos táticos, reforçado por 60 homens de fora. O critério para definir as ações móveis se dá a partir de informações de inteligência.

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