A investigação da Operação Mensageiro encontrou R$ 28 mil em um envelope numa gaveta da prefeitura de Balneário Barra do Sul. Segundo a denúncia, o dinheiro estaria na sala da secretária do prefeito Antônio Rodrigues (PP), preso na primeira fase da operação. As informações são do relatório do Ministério Público de Santa Catarina e foram divulgadas no processo nesta sexta-feira (12).

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O relatório também indica que o primeiro encontro entre o prefeito e representantes da empresa Serrana, pivô do escândalo, para supostamente discutir o pagamento de propinas, teria ocorrido antes mesmo de ele vencer a eleição municipal, em setembro de 2020.

Antônio Rodrigues se tornou réu nesta quinta-feira (11) no processo que apura o suposto esquema de corrupção em contratos de coleta e transporte de lixo em cidades de Santa Catarina. Além do prefeito, o filho dele, Jefferson Rodrigues, vereador na cidade, também teve a denúncia aceita pela Justiça. Os dois estão presos preventivamente desde dezembro, quando ocorreu a primeira fase da Operação Mensageiro.

Segundo a investigação, os R$ 28 mil em dinheiro encontrados em um envelope de papel pardo na gaveta da prefeitura sugerem o possível pagamento de propina por parte de dirigentes da empresa Serrana, que atua na coleta de lixo da cidade.

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No processo, a defesa dos investigados indicou que o dinheiro pertenceria ao filho do prefeito, teria origem lícita e que teria sido deixado por ele na prefeitura no dia anterior.

Prefeito de Balneário Barra do Sul, Antônio Rodrigues, virou réu na investigação da Operação Mensageiro (Foto: redes sociais)

Primeiro contato antes da eleição

O primeiro contato entre o prefeito e representantes da Serrana teria ocorrido antes mesmo da vitória de Rodrigues na eleição de 2020. Segundo o relatório do MP, em setembro daquele ano teria sido combinado o pagamento de R$ 15 mil em propina “em razão da provável assunção de Antônio Rodrigues no cargo postulado, levando em conta que a empresa Serrana prestava serviços em Balneário Barra do Sul e o prazo do contrato expiraria no início de 2021, sendo necessária a prorrogação naquele próximo ano”.

Prefeito de Balneário Barra do Sul se torna réu na Operação Mensageiro

Suposta propina mensal de R$ 5 mil

A partir de 2021, quando assumiu o cargo, o prefeito passa a ser investigado por supostamente ter recebido propina no valor de R$ 5 mil mensais, segundo o MP. Em troca, o chefe do Executivo teria se comprometido a usar o poder do cargo para impedir, por exemplo, dificuldades na obtenção de aditivos e assegurar a quitação em dia dos serviços contratados. O prefeito teria assinado cinco aditivos ao contrato da Serrana em um ano e meio, entre março de 2021 e setembro de 2022.

Encontro de investigados fotografado

Os pagamentos ilegais aos políticos teriam sido feitos em encontros esporádicos de pessoas ligadas ao prefeito com o empresário identificado como o “mensageiro”. Ao menos quatro ocasiões têm informações apontadas pela investigação.

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Em uma delas, os investigadores fotografaram o filho do prefeito, Jefferson Rodrigues, saindo do carro do “mensageiro” e entrando no próprio automóvel em um estacionamento público em Balneário Barra do Sul.

Antônio Rodrigues foi denunciado por organização criminosa e por pelo menos seis vezes por corrupção passiva.

Contrapontos

A reportagem do Diário Catarinense procurou as defesas do prefeito Antônio Rodrigues e do filho dele, Jefferson Rodrigues, mas não recebeu retorno até a última atualização desta matéria.

Em nota, a Serrana Engenharia informou que “todos os seus esclarecimentos e manifestações serão realizados exclusivamente nos respectivos processos da Operação Mensageiro”.

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