Com três meses completados na quarta-feira passada, a Operação Lixo Zero já mudou a rotina do Rio de Janeiro e promete deixar a cidade bem mais limpa para a Copa do Mundo. Até agora, foram aplicadas 15.235 multas para pessoas que jogaram o lixo no chão, em vez de colocar na lixeira. O trabalho funciona assim: os fiscais da prefeitura, sempre acompanhados de guardas municipais, controlam a movimentação pelas principais ruas da cidade e observam atentamente quem comete a infração.

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Feito o flagrante, o fiscal imprime a multa, utilizando um smartphone e impressora portátil, com a descrição do ato infracional, orientações, prazos para pagamento e eventual recurso. Depois, o infrator tem que emitir o auto de infração e o boleto de pagamento. O valor varia de R$ 98 (fezes de cachorro não recolhidas) a R$ 3 mil (grande quantidade de entulho). O mais comum é o cigarro no chão, que custa ao sujão a quantia de R$ 157.

– Estou me controlando. Eu fumo muito, agora carrego o cigarro até encontrar uma lata de lixo. Achei a multa muito cara, mas esse é o caminho – falou o aposentado Nelson Silveira, 67 anos, em Copacabana.

Essa opinião está se refletindo também no balanço da Companhia Municipal de Limpeza Urbana. O lixo descartado irregularmente no chão teve uma redução de 50%. Atualmente, são 235 agentes e 235 guardas municipais em 37 bairros. Quem não paga a multa tem o nome inscrito no Serviço de Proteção ao Crédito.

O dinheiro arrecadado com as infrações é utilizado para financiar a própria operação e o incremento da limpeza urbana. O objetivo é copiar os bons exemplos de leis como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança para dirigir, que hoje se tornou algo natural. Outro ponto considerado importante é aumentar o número de papeleiras, como são chamadas as pequenas lixeiras presas em postes no Rio de Janeiro. Até o fim do ano serão 44 mil.

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– Nós vamos ampliar, mas a população tem que colaborar. Nós temos 6 milhões de habitantes. Tóquio tem 13 milhões, e nenhuma papeleira. Mesmo assim, é considerada a cidade mais limpa do mundo. É uma questão de educação também – disse Fernando Alves, coordenador do programa.

Se em três meses o resultado é considerado promissor, até a Copa se projeta uma cidade com uma mudança radical neste aspecto. E os torcedores estrangeiros que se preparem: é bom ter cuidado para não exagerar na festa e jogar uma lata de cerveja no chão. Os fiscais estarão de olho neles também. A multa será aplicada conforme o número do passaporte. A prefeitura contará com o apoio da Polícia Federal, e quem não pagar a taxa não será liberado no aeroporto na hora de deixar o país.