Responsáveis por boa parte da poluição de rios e praias no Estado, os esgotos clandestinos são verdadeiros males silenciosos. Nas águas do Rio Perequê, entre Itapema, Porto Belo e Bombinhas, o problema não é novidade. Segundo informações da Secretaria de Saúde de Itapema, no município o local sofre com a irregularidade no saneamento todos os anos – o que torna a água imprópria para banho e ajuda a proliferar doenças.
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Na semana passada, uma grande mancha marrom apareceu nas águas do rio. Após uma análise, a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) concluiu que o problema não é oriundo de derramamento de esgoto. No entanto, uma operação de fiscalização descobriu e lacrou mais de 30 ligações clandestinas somente na margem pertencente a Itapema na segunda-feira.
Com o apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Fundação Ambiental, quatro fiscais da Secretaria de Saúde circularam pelo local de barco e fizeram a vistoria das edificações no balneário. Os canos das ligações irregulares foram quebrados e receberam aplicação do expansor de poliestireno, impedindo a reutilização das saídas clandestinas.
O secretário de Saúde Everton Ricardo da Silva destaca que a ação da Vigilância Sanitária e Departamento de Vigilância em Saúde em parceria com a Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI) é feita todos os anos, principalmente para garantir que próximo a saídas lacradas no passado não tenham sido abertos novos pontos de esgoto clandestino. Neste ano, a preocupação veio depois do surgimento da mancha, que matou peixes e esvaziou praias.
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– A cidade depende do turismo. Para não parecer uma má intenção do município, sabendo que temos uma empresa que faz a coleta e trata o esgoto, estamos fazendo estudos e operações como essa. Queremos ter a certeza de que o município está tomando as devidas providências em relação à água e esgoto para que essa contaminação não aconteça. E se acontecer, que possamos nos eximir da responsabilidade pela falta de fiscalização das cidades vizinhas – comenta Silva.
Proprietários notificados deverão regularizar situação
O secretário de Saúde de Itapema, Everton Ricardo da Silva, diz que grande parte das saídas de esgoto irregulares é de casas e pousadas da região, mas destaca que ainda não é possível saber quem são os proprietários dos imóveis de onde vem a maioria das ligações – várias delas estão cobertas pela vegetação nativa. Nos próximos dias, fiscais farão o monitoramento para identificar as fontes de esgoto irregular. O próximo passo será notificar todos os moradores que tiveram o local de despejo irregular lacrado.
– Às casas que não possuem moradores fixos será enviada uma notificação por correio para que os proprietários regularizem a situação – salienta Marlon Meri de Souza, presidente da Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI).
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O engenheiro ambiental Giovane Krieser explica que lacrar os esgotos clandestinos é essencial, uma vez que eles são lançados no sistema de drenagem pluvial sem receber qualquer forma de tratamento – ou seja, são despejados “in natura” nos rios:
– Há aumento na matéria orgânica na água, afetando o equilíbrio local e proliferando determinados microrganismos e a dificuldade de permanência de outros. O processo, conhecido como eutrofização, pode acarretar no aparecimento de microalgas e sufocamento de peixes, por exemplo. Também podem ocorrer a transmissão de doenças, presentes nas fezes humanas, como diarreia por vírus – aponta.