Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (12), o governo de Santa Catarina deu detalhes das investigações sobre o incêndio que atingiu o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Palhoça, na Grande Florianópolis. O fogo atingiu a unidade de preservação ambiental na terça-feira (10) e só foi considerado extinto na manhã desta quinta, 48 horas depois.

Continua depois da publicidade

Segundo o governo, o trabalho para conter o fogo no parque usou 260 mil litros de água. A operação foi realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar, pela Polícia Militar Ambiental, Instituto do Meio Ambiente (IMA) e Defesa Civil. Mais de 100 pessoas participaram da força-tarefa, que contou com apoio de dois helicópteros, três "caminhões-bomba" e quatro carretas-tanque.

O governo também atualizou o tamanho do estrago causado pelo fogo. Após a medição com o incêndio já extinto, o total da área atingida foi atualizado em cerca de 800 hectares, o que corresponde a cerca de 1% da extensão do parque. O número é um pouco menor que o previsto inicialmente pelo IMA. Na quarta, o órgão havia estimado uma destruição de 1 mil hectares.

Este é o quarto maior incêndio que atingiu o parque, segundo divulgou o governador Carlos Moisés. Em 2016, foram destruídos 900 hectares pelas chamas, a mesma extensão de 2004. A maior área incendiada foi registrada em 2012, quando o fogo atingiu 920 hectares da área total.

Como medida para mudar a história de incêndios no local, o governo planejou extrair as árvores de pinus da área, já que o tipo de madeira propaga o fogo mais rapidamente. O projeto já está em andamento.

Continua depois da publicidade

— Como é uma área com residências, a gente busca conscientizar os próprios moradores sobre a queima de resíduos e os cuidados, inclusive com projeto realizado com adolescentes. É a melhor medida — afirmou Moisés.

A coletiva foi realizado pelo Centro de Informações Públicas (CIP) do Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cigerd).

Ao menos sete veículos e dois helicópteros apoiaram na ação
Ao menos sete veículos e dois helicópteros apoiaram na ação (Foto: Tiago Ghizoni)

Investigação

O trabalho de investigação será iniciado pelo Corpo de Bombeiros e pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), que farão perícias diferentes no local. A dos bombeiros iniciou nesta quinta-feira (12) e buscará esclarecer as reais causas do fogo. O laudo do IGP, além das causas, também contribuirá com informações para o inquérito policial que vai apurar a autoria. A principal suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso.

Durante o tempo em que as chamas queimavam a vegetação, autoridades chegaram a levantar a hipótese de que o setor imobiliário pudesse ter relação com o incêndio. Sobre a hipótese, o governador afirmou que é prematuro apontar a causa:

Continua depois da publicidade

— O fogo se deu coincidentemente em uma área onde há um avanço populacional e que é uma área estadual. Se sabe que existe uma demanda por essa área que, coincidentemente,foi atingida, mas ainda nem podemos afirmar se foi ação humana a causa.

Trabalho também foi mantido durante as madrugadas
Trabalho também foi mantido durante as madrugadas (Foto: Tiago Ghizoni/Diário Catarinense)

OAB vai acompanhar investigações

A seccional de Santa Catarina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC) divulgou nota nesta quinta-feira dizendo que irá acompanhar de perto o trabalho de investigação das causas do incêndio que atingiu o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Palhoça. O fogo destruiu uma área de aproximadamente 800 hectares, entre terça-feira (10) e a madrugada de quinta (12).

Segundo a nota, o grupo tem entre os objetivos "auxiliar em medidas que resultem na proteção de áreas afetadas e no socorro a populações atingidas por acontecimentos de grande impacto para a sociedade".

O que sobrou após 48h de incêndio
O que sobrou após 48h de incêndio (Foto: Gabriel Lain)

Principais perdas

As principais perdas no Parque da Serra do Tabuleiro foram as árvores e os animais que estavam em fase de reprodução, segundo o coordenador, Carlos Cassini.

Continua depois da publicidade

— Muitas árvores pequenas, que estavam crescendo para se tornarem parte da floresta, ficaram queimadas. Vai levar cinco anos pelo menos para ter árvores do mesmo tamanho das que foram perdidas — explicou.

De acordo com o geógrafo e coordenador do Centro de Visitante do Parque, Luiz Pimenta, o fogo atingiu uma grande área da vegetação litorânea, principalmente os banhados, onde ficavam as tiriricas e taboas.