A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta quarta-feira 38 mandados de busca e apreensão, mandados de prisão e de condução coercitiva em Florianópolis e Joaçaba. A operação também ocorre no Rio Grande do Sul, nas cidades de Porto Alegre, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul e Flores da Cunha.
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A Operação Ave de Rapina tem por objetivo a desarticulação de organização criminosa voltada para a prática de crimes contra a administração pública de Florianópolis. Mais de R$ 30 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos.
Entre os presos está o presidente da Fundação Cultural Franklin Cascaes (FCFFC), João Augusto Freyesleben Valle Pereira. O presidente da Câmara de Vereadores, César Faria (PSD), foi encaminhado para prestar depoimento e o vereador Marcos Aurélio Espíndola (PSD), considerado foragido até o final da manhã desta quarta-feira, apresentou-se à PF por volta das 14h.
Também foram presos o ex-comandante da Guarda Municipal de Florianópolis, Jean Carlos Viana Cardoso, e o ex-diretor de operações do IPUF, Júlio Pereira Machado. Em setembro, ambos foram flagrados pela Polícia Rodoviária Federal com quase R$ 100 mil e propaganda eleitoral quando se deslocavam de Porto Alegre para Florianópolis. Ao total, 14 pessoas foram presas.
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Segundo a PF, oito empresas estão envolvidas no esquema de fraude. A empresa gaúcha Kopp Tecnologia, que fabrica controladores de velocidade, é uma das investigadas. O nome das outras empresas e dos outros presos não foi divulgado.
A investigação
De acordo com informações da PF, a investigação comprovou a existência de um esquema de corrupção inserido na Câmara de Vereadores, Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) e na Fundação Cultural Franklin Cascaes, em Florianópolis. Servidores públicos estariam recebendo dinheiro de empresários em troca da manutenção ou elaboração de contratos milionários.
Os esquemas
A investigação aponta que empresas especializadas em radares e lombadas eletrônicas simulavam concorrência em licitações com o apoio de servidores para garantir a elaboração de contratos com o poder público. Em troca, pagavam mensalmente propina aos integrantes da organização criminosa.
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Outro esquema envolvia fraude de licitações em eventos festivos e culturais. Segundo a PF, empresários especializados no ramo recebiam de agentes públicos informações privilegiadas relativas às empresas concorrentes e orientações de como proceder para fraudar a licitação – com consequente desvio e apropriação de recursos públicos.
A PF também apurou que existência de corrupção no tocante a elaboração de leis municipais em Florianópolis, visando beneficiar empresários, que pagavam altas quantias em dinheiro para ter seus interesses estampados nas normas municipais.
Durante as investigações foi comprovada a realização de depósitos e saques do dinheiro referente à propina, com a utilização da conta de laranjas e a apreensão de um valor de aproximadamente 100 mil reais no Rio Grande do Sul, juntamente com aditivos contratuais superfaturados em Florianópolis. A Operação envolveu um efetivo de aproximadamente 200 policiais.
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Contraponto
Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira, a Prefeitura de Florianópolis afirma que aguarda mais informações sobre a operação para definir as medidas a serem tomadas no âmbito administrativo. A administração se coloca à disposição da Polícia Federal e de qualquer órgão de controle para esclarecimentos necessários.
Confira fotos da operação: