A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a Operação Line Up, que investiga uma corretora de câmbio por crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Parte do esquema incluía contratos subfaturados de DJs, de renome internacional, que se apresentavam em Santa Catarina. As atividades ilegais da empresa constam em sete relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com mais de R$ 2 bilhões em movimentações atípicas.

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São cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nesta manhã, cinco deles em São Paulo e outros nove em Santa Catarina, nas cidades de Itajaí, Balneário CAmboriú e Blumenau. Há dois mandados de prisão, contra diretores da instituição financeira, que não tiveram a localização informada pela Polícia Federal. Todos os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Florianópolis.

As investigações começaram na Delegacia da Polícia Federal em Itajaí, em 2013. Os policiais apuravam uma possível evasão de divisas através dos contratos com DJs, quando chegaram a uma corretora de câmbio que fazia parte do mesmo grupo econômico da empresa que realizava os eventos.

Segundo a polícia, a empresa estaria envolvida em uma série de fraudes cambiais, inclusive pagamentos a terceiros, no exterior, em contratos feitos por empresas investigadas na Operação Lava Jato _ ligadas a um doleiro já condenado. A corretora teria feito, ainda, 155 operações de câmbio usando os nomes de 111 pessoas que já estavam mortas no momento do negócio.

Em nota, emitida nesta manhã, a PF afirma que, por fim, colheram-se fortes indícios de que representantes da corretora de câmbio tentaram obstruir as investigações fazendo contato com um servidor público. Eles teriam pedido instruções sobre como reaver os valores apreendidos durante a investigação.

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O nome da operação faz referência a “ser colocado na fila” da investigação, e também à sequência de apresentações e à mesa de som usada pelos DJs em baladas eletrônicas. Os crimes apurados até o momento incluem gestão fraudulenta de instituição financeira, fraude contábil, fraude cambial, lavagem de dinehro, formação de organização criminosa e obstrução de investigação contra o crime organizado.

Indícios de gestão fraudulenta praticada pela corretora, segundo a PF:

1 – Receber e realizar depósitos em espécie, vedado para operações de câmbio

2 – Burlar os limites da posição cambial

3 – Movimentar moeda estrangeira de forma paralela e, após apreensão de valores, maquiar as operações

4 – Fracionar operações de câmbio para burlar os limites de valores a serem negociados

5 – Registrar operações sem a documentação suporte, fraudando a fiscalização

6 – Transferir moeda entre unidades sem identificar corretamente o destinatário

7 – Atuar no mercado paralelo de câmbio, fraudando as autorizações impostas pelo Bacen

8 – Deixar de analisar e/ou identificar os clientes para fraudar os controles de prevenção à lavagem de dinheiro

9 – Usar documentos ideologicamente falsos para recuperar valores apreendidos

Ouça as informações com Dagmara Spautz, do Diário Catarinense: