Helicóptero, policiais das unidades de elite, escrivães e investigadores vão reforçar por tempo indeterminado a segurança pública em Chapecó, no Oeste. A ordem é apurar o tráfico de drogas, fazer barreiras ostensivas e intensificar as investigações.

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Com população de 198,1 mil habitantes, Chapecó se vê assustada com mortes neste começo de ano. São 15 assassinatos desde janeiro, ou uma morte a cada três dias.

O último assassinato ocorreu às 13h30min de terça-feira, a tiros, na Avenida General Osório, uma das principais. Odimar Ximendes, 36 anos, foi morto com um tiro de revólver na cabeça.

O suspeito de ser o mandante do crime, Genildo Daniel Bucker, de 32 anos, foi preso em flagrante. Já o autor dos disparos, Régis Mendes de Morais, de 25 anos, que morava com Genildo, está foragido.

A suspeita é de que a vítima tenha ido tirar satisfação de um grupo rival que disputava pontos de prostituição envolvendo travestis. De acordo com o delegado Alex Passos, há registros de boletins de ocorrência de brigas e desavenças entre os dois grupos.

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Um ato público está previsto para a próxima terça-feira na campanha denominada “Chega de violência: Chapecó unida exige segurança”. Os organizadores reivindicam ampliação do efetivo das polícias Civil e Militar e o aparato policial na cidade.

A ação é da Associação Comercial e Industrial (ACIC), Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindicato do Comércio da Região de Chapecó (Sicom) e outras 50 entidades.

A polícia diz que a onda de violência na cidade é algo que nunca aconteceu antes. Por isso, montou a força-tarefa que começa a atuar a partir de segunda-feira.

– É um fenômeno o que está acontecendo. Já tivemos algo semelhante no passado na região de Camboriú (litoral Norte). Também é originado pelo tráfico de drogas, mas há muitos crimes passionais ocorrendo também – diz o delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D´Ávila.

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Comum em outras regiões de Santa Catarina, o envolvimento de adolescentes com o crime também é notado.

A delegada Tatiana Klein Samuel diz que foram mapeados 63 adolescentes que estão praticando roubos a residências. Ela defende ação integrada entre Judiciário, Ministério Público e as polícias.

Serão deslocados mais de 60 policiais civis, entre agentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Coordenadoria de Operações Policiais Especiais (Cope), Serviço Aeropolicial (Saer).

A Polícia Militar deslocou policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e o grupo do Canil. A Polícia Rodoviária Federal fará bloqueios e barreiras nas rodovias, apoio de aeronave e scanner, aparelho de raio-x com alta tecnologia em busca de drogas e armas.

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Criada diretoria da Fronteira

Em meio ao reforço do policiamento, o Estado anunciou a criação de uma nova diretoria na estrutura da Polícia Civil: a de polícia de Fronteira.

Sediada em Chapecó, ela passa a ser responsável pela estrutura administrativa da Polícia Civil nas áreas de Chapecó, São Miguel do Oeste, São Lourenço do Oeste, Xanxerê e Concórdia, que antes pertenciam a Diretoria de Polícia do Interior.

A titular da diretoria de polícia de Fronteira será a delegada Tatiana Klein Samuel, ex-delegada regional de Chapecó. O delegado Ronaldo Neckel Moretto é o novo delegado regional de Chapecó.

* Colaborou Darci Debona

Entrevista: Aldo Pinheiro D’Ávila, delegado geral da Polícia Civil

Diário Catarinense _ O que está acontecendo em Chapecó?

Aldo Pinheiro D’Ávila _ É um fenômeno que ainda não sabemos. É algo que nunca aconteceu. A ordem é bater de frente. A Polícia Militar fará ações ostensivas e a Polícia Civil terá reforço nas equipes de investigação.

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DC _ São 15 mortes este ano…

Aldo _ Sim. Isso aconteceu em Camboriú em anos anteriores (aumento de homicídios). Também é o tráfico de drogas, mas há muitos crimes passionais ocorrendo também´.

DC _ A operação vai durar quantos dias?

Aldo _ O tempo é indeterminado. Vai acontecer até reduzir o índice de criminalidade.